Boi gordo segue pressionado por tarifa dos EUA e queda na arroba se espalha pelo país

Mercado do boi gordo trava após sobretaxa de 50% imposta pelos EUA; 12 das 17 praças monitoradas registram recuo nos preços

O mercado do boi gordo enfrenta um cenário de forte pressão nos preços, reflexo direto da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a carne brasileira, com vigência prevista para 1º de agosto. A medida provocou reações imediatas: interrupção de embarques, recuo nas cotações e aumento da cautela por parte dos frigoríficos.

Segundo levantamento da Agrifatto, 12 das 17 praças pecuárias monitoradas registraram queda nos preços da arroba, entre elas São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Tocantins.

Cotações do boi gordo em queda

Em São Paulo, a arroba do boi comum caiu para R$ 300, enquanto o chamado “boi-China”, voltado à exportação, é negociado a R$ 310. A consultoria Scot também apontou queda, com o boi comum cotado a R$ 305 e o boi-China em R$ 308 — diferença de apenas R$ 3 por arroba.

Confira abaixo as principais cotações médias da arroba informadas pela Safras & Mercado:

  • São Paulo: R$ 300,42 (ontem: R$ 302)
  • Goiás: R$ 280,54 (ontem: R$ 283,04)
  • Minas Gerais: R$ 276,65 (ontem: R$ 288,53)
  • Mato Grosso do Sul: R$ 298,98 (ontem: R$ 305,23)
  • Mato Grosso: R$ 300,14 (ontem: R$ 302,84)

Nas demais regiões acompanhadas pela Agrifatto — Acre, Alagoas, Bahia, Rondônia e Rio Grande do Sul — os preços seguiram estáveis até o fechamento da terça-feira (15/7).

Frigoríficos mantêm abates, mas suspensões começam

Apesar da retração nas compras, os frigoríficos mantêm os abates, graças ao bom volume de animais de confinamento e contratos a termo, com escalas médias entre sete e nove dias úteis.

Entretanto, alguns frigoríficos já suspenderam a produção voltada ao mercado norte-americano, especialmente em estados como Goiás e Mato Grosso do Sul.

Futuros recuam e mercado segue travado

Os efeitos também se refletem no mercado futuro do boi gordo: o contrato com vencimento para novembro/25, na B3, fechou cotado a R$ 327,35/@, com queda de 1,76% no pregão de segunda-feira (14/7). Na avaliação da Agrifatto, o mercado segue travado e incerto, com baixa liquidez nas negociações.

Atacado e consumo interno: pressão adicional

No atacado, os preços também indicam estabilidade com viés de baixa, impulsionados pela segunda quinzena do mês, período tradicionalmente de menor consumo, e pela competitividade da carne de frango, que ainda se mantém como alternativa mais barata para o consumidor final.

As referências seguem:

  • Quarto traseiro: R$ 22,50/kg
  • Dianteiro: R$ 18,75/kg
  • Ponta de agulha: R$ 18,50/kg

Análise e perspectivas

Para Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, o adicional tarifário dos EUA ainda causa efeitos colaterais, gerando desânimo no setor exportador e travando decisões estratégicas. “A produção de carne destinada ao mercado norte-americano foi interrompida em determinados estados”, destaca o analista.

Apesar disso, especialistas acreditam que o impacto da tarifa, embora grave, não é suficiente para colapsar o mercado do boi gordo. Como apenas 8% das exportações brasileiras de carne vão para os EUA, o efeito tende a ser absorvido ao longo do tempo, sobretudo se houver aumento da demanda interna ou redirecionamento para outros mercados como China e Oriente Médio.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM