Boi gordo segue subindo – R$ 323/@ – com “boom” das exportações e escalas pressionadas

Avanço das exportações, redução nas ofertas e aquecimento do consumo interno impulsionam nova rodada de valorização no mercado pecuário brasileiro; Boi gordo supera os R$ 320/@ em importante região

O mercado do boi gordo entra em uma nova fase de valorização em outubro, impulsionado por uma combinação de exportações recordes, escalas de abate curtas e melhor desempenho do consumo doméstico. Analistas apontam que a pressão de baixa desapareceu, enquanto frigoríficos, especialmente os de menor porte, enfrentam dificuldades para preencher suas programações, cenário que tem sustentado e até elevado os preços da arroba em diversas regiões do país.

Segundo dados da Agrifatto, a arroba do boi gordo em São Paulo está cotada a R$ 315, com negócios pontuais acima das referências. Em estados como Mato Grosso do Sul, os valores chegam a R$ 322,27, enquanto Goiás e Minas Gerais registram médias próximas a R$ 298 e R$ 299, respectivamente. Já o Mato Grosso, destaque das últimas semanas, viu sua cotação subir para R$ 296,54, após uma sequência de altas diárias.

Exportações em ritmo acelerado

Nos primeiros oito dias úteis de outubro, o Brasil exportou 111,9 mil toneladas de carne bovina (fresca, congelada e resfriada), com média diária de 13,9 mil toneladas — um avanço de 13,9% frente a outubro de 2024, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A receita somou US$ 621 milhões, crescimento de 35,6% sobre o mesmo período do ano anterior, enquanto o preço médio da tonelada exportada subiu 19,1%, atingindo US$ 5.551,6.

A forte demanda externa, liderada pela China, mas com participação crescente de México, Chile e União Europeia, tem garantido fluxo constante de embarques e sustentado o escoamento da produção. “As exportações seguem como um grande diferencial e continuam oferecendo suporte aos preços internos”, destacou Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado.

Escalas curtas e consumo interno em reação

Enquanto as exportações seguem aquecidas, o quadro interno reforça o viés de alta. As escalas médias de abate permanecem em cerca de oito dias úteis, de acordo com a Agrifatto — um indicativo de oferta limitada de animais terminados. Pequenos e médios frigoríficos, focados no mercado doméstico, relatam maior dificuldade em alongar as programações, o que eleva a concorrência e dá firmeza às cotações do boi gordo.

No mercado interno, o consumo de carne bovina começa a reagir. Segundo a Datagro, fatores como a aproximação do pagamento do 13º salário, geração de empregos temporários e confraternizações de fim de ano devem aumentar a procura. “O consumo doméstico mostra sinais de recuperação, ainda que moderados, e isso ajuda a sustentar as cotações”, explicou Beatriz Bianchi, analista de mercado da consultoria.

Dólar e futuro do mercado

Apesar do otimismo, a volatilidade do câmbio segue como fator de atenção. O dólar comercial fechou em R$ 5,34, com leve queda de 0,14%, o que pode reduzir a margem de exportadores e limitar parte dos ganhos futuros. Ainda assim, o mercado futuro do boi gordo mostra sustentação: o contrato de dezembro/25 na B3 encerrou cotado a R$ 327,95/@, sinalizando expectativa de continuidade do movimento de alta.

Panorama regional das cotações do boi gordo

EstadoCotação Atual (R$/@)Variação
São Paulo315,00estável
Mato Grosso do Sul323,00+0,11
Minas Gerais299,41+0,88
Goiás298,39+0,18
Mato Grosso296,54+3,26
Tocantins294,36+2,83

Expectativas

Com exportações em ritmo recorde, oferta controlada e escalas curtas, o cenário de outubro reforça a tendência de valorização gradual da arroba do boi gordo. A combinação de mercado externo aquecido, estoques reduzidos e reação do consumo interno pode manter o boi gordo em patamares firmes até o fim do ano.

Como resume a Agrifatto, “a pressão de baixa desapareceu e o mercado físico mostra fôlego, amparado pela retomada do apetite comprador das indústrias e pela solidez das exportações brasileiras”.

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