Boi gordo segura os R$ 320/@ sustentado pelas exportações; mas até quando?

Exportações recordes dão fôlego às cotações do boi gordo, enquanto frigoríficos e pecuaristas travam uma disputa marcada pela oferta restrita e consumo interno moderado

O mercado físico do boi gordo atravessa um período de firmeza nas cotações, com a arroba girando próxima dos R$ 320 em algumas praças pecuárias brasileiras, sustentada pelo ritmo acelerado das exportações de carne bovina. No entanto, a questão que ronda o setor é: até quando esse patamar será mantido?

Segundo analistas do mercado, a disputa entre frigoríficos e pecuaristas tem ditado o tom dos negócios. De um lado, indústrias com escalas de abate curtas enfrentam dificuldades em adquirir boiadas terminadas, pressionando para cima as cotações. Do outro, pecuaristas resistem em negociar a preços menores, fracionando a oferta em lotes menores e apostando na manutenção da firmeza diante do bom desempenho das exportações.

Exportações dão sustentação ao mercado

Até a terceira semana de agosto, o Brasil embarcou em média 12,3 mil toneladas de carne bovina in natura por dia, volume 24,9% maior que no mesmo período do ano passado. O preço médio da tonelada exportada alcançou US$ 5.734,50, o maior valor do ano. Para os analistas, há grandes chances de o país repetir — ou ao menos se aproximar — do volume recorde exportado em julho, que foi de 276,9 mil toneladas.

Esse cenário externo tem sido fundamental para contrabalançar o consumo interno, considerado apenas moderado. A concorrência de proteínas alternativas, especialmente o frango, mais competitivo em preço, ainda limita uma recuperação mais expressiva da carne bovina no atacado.

Cotações do boi gordo e dinâmica das praças

De acordo com levantamento, os preços médios da arroba fecharam a semana em:

  • São Paulo: R$ 312,02
  • Mato Grosso do Sul: R$ 319,32
  • Mato Grosso: R$ 309,93
  • Minas Gerais: R$ 303,53
  • Goiás: R$ 302,14

Em algumas praças do Centro-Norte, como Pará, Tocantins, Acre e Rondônia, a concorrência entre frigoríficos aumentou a procura, sobretudo por fêmeas, garantindo negócios firmes e pequenos ajustes positivos nos preços.

Mercado futuro e desafios à frente

Na B3, o contrato do boi gordo com vencimento em outubro encerrou a última sexta-feira em R$ 323,40/@, com queda de 1,43% em relação ao pregão anterior, sinalizando cautela do mercado financeiro quanto à sustentação dos preços no médio prazo.

Para o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, a expectativa para o último quadrimestre ainda é positiva, já que o período concentra tanto o auge do consumo doméstico quanto a continuidade do bom ritmo de exportações. No entanto, o especialista alerta que o ambiente segue marcado por volatilidade e lateralização nas negociações.

Até quando o boi segurará os R$ 320/@?

A resposta passa pelo equilíbrio entre três fatores:

  1. Oferta restrita de animais prontos — pecuaristas seguem firmes em segurar a boiada.
  2. Ritmo das exportações — se mantido próximo ao recorde, seguirá como principal alicerce.
  3. Consumo interno — qualquer melhora no mercado doméstico pode reforçar ainda mais os preços.

Enquanto isso, a pergunta “até quando” permanece em aberto. O que se desenha é que, pelo menos no curto prazo, o suporte das exportações deverá continuar garantindo firmeza às cotações, mesmo diante de um mercado interno mais contido.

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