
Mercado pressionado por escalas cheias, consumo fraco e gripe aviária altera cenário da arroba; Boi gordo recuou mais de R$ 20/@ na primeira quinzena; veja o que esperar
A primeira quinzena de maio de 2025 marcou uma queda expressiva de mais de R$ 20 na arroba do boi gordo nas principais praças brasileiras. O cenário combina maior oferta de animais terminados, recuo no consumo interno e uma nova variável que tem gerado instabilidade: o foco de gripe aviária em granja comercial no Rio Grande do Sul, que já provoca efeitos indiretos no mercado de proteínas.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, o boi comum em São Paulo fechou a semana a R$ 311/@, no prazo, com queda de R$ 2 em relação ao dia anterior. O “boi-China” recuou para R$ 315/@ e a novilha gorda para R$ 293/@. Já a vaca gorda ficou estável em R$ 277/@.
Consultorias como Agrifatto e Safras & Mercado apontam que, além da fraca demanda interna e dos estoques elevados no atacado, a entrada de maior volume de bois de pasto, com a chegada do período seco, tem elevado a oferta.
“Esses fatores combinados reforçam a pressão da indústria frigorífica por novas quedas no preço da arroba em curto prazo”, analisa a Agrifatto.
No mercado físico, a Safras & Mercado identificou uma postura mais cautelosa dos frigoríficos, que se afastaram das compras em meio ao temor de impactos indiretos da gripe aviária, que levou a China a suspender temporariamente as importações de carne de frango do Brasil, ampliando a oferta doméstica dessa proteína.
Atacado e varejo travados
A segunda metade de maio começou com ritmo lento no atacado. Com vendas fracas, devoluções de mercadoria e liquidez quase nula, as carnes nobres como filé-mignon, picanha e contrafilé enfrentaram desvalorização de até R$ 3 por quilo, conforme a Agrifatto.
No mercado atacadista, o quarto traseiro foi cotado a R$ 23,90/kg, o dianteiro a R$ 19,40/kg e a ponta de agulha a R$ 17,80/kg, todas com queda no dia.
Mercado futuro do boi gordo também recua
Na B3, o contrato com vencimento em julho de 2025 fechou em R$ 313,90/@, com retração de 0,73% em relação ao pregão anterior. O pessimismo reflete a leitura de que o mercado físico ainda pode perder mais força, especialmente se o consumo continuar desaquecido e as escalas seguirem cheias.
Expectativas para os próximos dias
O analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, projeta que a pressão baixista deve continuar ao longo da segunda quinzena do mês. O foco segue no comportamento do consumidor, que costuma desacelerar após datas comemorativas como o Dia das Mães, e na reação do mercado diante da gripe aviária, que pode redirecionar o consumo para proteínas mais baratas, como o frango.
Em resumo:
- Mais de R$ 20/@ de queda em várias regiões desde o início de maio;
- Consumo interno enfraquecido e estoques elevados no varejo;
- Oferta maior de bois de pasto com a transição para o período seco;
- Frigoríficos recuados nas compras por incerteza no mercado de proteínas;
- Preços no futuro e no atacado seguem tendência de queda.
Diante de um quadro ainda volátil, os pecuaristas devem acompanhar de perto os desdobramentos da gripe aviária e os movimentos das indústrias nas próximas semanas, enquanto o mercado busca um novo ponto de equilíbrio.
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