
Pressão de frigoríficos derruba preços da arroba do boi gordo em algumas regiões, mas exportações e consumo interno ainda sustentam o mercado, por enquanto
O mercado do boi gordo segue em um cenário de forte tensão entre frigoríficos e pecuaristas. Nesta semana, as negociações caminham entre quedas pontuais de preços e estabilidade em algumas praças, revelando um viés de baixa que preocupa pecuaristas. A resistência no campo é clara: muitos pecuaristas têm rebatido as tentativas de compra abaixo de R$ 300 por arroba, defendendo que o custo de produção inviabiliza valores menores.
Segundo analistas, a maior pressão vem de Rondônia e Tocantins, onde frigoríficos buscaram abates a preços mais baixos. Essa movimentação é facilitada pelo fato de as indústrias de maior porte ainda trabalharem com escalas confortáveis, que variam de oito a nove dias úteis em média nacional. Parte desse fôlego vem de contratos a termo e do uso de animais de confinamentos próprios.
Apesar disso, nas praças paulistas, a cotação média se manteve em R$ 310/@, sem diferença para o chamado “boi-China” — que normalmente recebe ágio por atender exigências de exportação. Em outras regiões acompanhadas, a média nacional registrada pela Agrifatto foi de R$ 292/@.
Quadro de cotações do boi gordo
- São Paulo: R$ 303,75 (queda frente a R$ 304,42 do dia anterior)
- Goiás: R$ 286,61
- Minas Gerais: R$ 285,59
- Mato Grosso do Sul: R$ 320,14
- Mato Grosso: R$ 293,24
Já pela Scot Consultoria, o boi gordo em São Paulo está cotado a R$ 305/@, com o boi-China a R$ 308/@, a vaca gorda a R$ 280/@ e a novilha terminada em R$ 295/@.
Consumo interno fraco e exportações em alta
Um dos fatores que sustentam o mercado é o desempenho das exportações de carne bovina, que seguem firmes em 2025. No entanto, no mercado doméstico, o consumo permanece enfraquecido — especialmente na segunda quinzena do mês, quando o poder aquisitivo das famílias cai. Esse cenário reduz o apetite do varejo e atrasa as reposições nos centros de distribuição.
No atacado, os preços das carcaças permanecem estáveis:
- Traseiro: R$ 23,35/kg
- Dianteiro: R$ 17,50/kg
- Ponta de agulha: R$ 16,40/kg
Já na oferta, enquanto o boi castrado segue restrito, há abundância de dianteiro e ponta de agulha, usados principalmente para charque — um segmento que enfrenta dificuldades devido à demanda retraída e às chuvas que afetaram a produção.
Futuro do mercado e expectativa dos produtores
No mercado futuro da B3, os contratos voltaram a cair. O papel com vencimento em novembro/25 fechou a R$ 316/@, em baixa de 1,25% frente ao pregão anterior.
Ainda assim, analistas acreditam em uma leve melhora na primeira quinzena de outubro, com a entrada dos salários na economia, o que tende a aquecer o consumo de carne bovina. Enquanto isso, o grito dos pecuaristas segue ecoando: “menos que R$ 300/@ não”, em defesa de um piso que consideram fundamental para equilibrar os custos da produção e garantir margem no campo.
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