
Setor se beneficia de oferta limitada e ritmo histórico das exportações, reforçando expectativa de preços firmes e sustentados para a arroba do boi gordo; veja as cotações
O mercado físico do boi gordo encerrou a primeira semana de outubro com tendência positiva em diversas praças do país, impulsionado pelo encurtamento das escalas de abate, melhora no consumo interno e exportações de carne bovina em ritmo recorde. A combinação desses fatores reforça o viés de alta para as próximas semanas, segundo análises de consultorias especializadas e dados oficiais de comércio exterior.
Segundo levantamento da Safras & Mercado, os frigoríficos de menor porte seguem enfrentando dificuldade para alongar as escalas de abate, o que mantém os preços em alta e gera concorrência mais acirrada pela arroba. Em São Paulo, a referência média do boi gordo está em R$ 311,50/@, enquanto em Goiás o preço chega a R$ 295,00/@. Em Minas Gerais, a arroba é negociada a R$ 294,41, e no Mato Grosso do Sul o valor médio alcança R$ 321,25/@.
No mercado atacadista, o movimento também é de firmeza. A entrada dos salários na economia e o início do último trimestre do ano — período marcado por maior consumo de proteínas — impulsionam a reposição entre atacado e varejo. O quarto traseiro segue em R$ 25,00/kg, o dianteiro em R$ 17,70/kg e a ponta de agulha em R$ 16,50/kg.
Mercado do boi gordo: Alta também para vacas e novilhas
De acordo com a Scot Consultoria, os preços da vaca gorda subiram R$ 2,00/@ em São Paulo, refletindo a melhora no escoamento da carne bovina e a oferta mais ajustada. O boi gordo no estado está cotado a R$ 305,00/@, enquanto o chamado “boi China” — destinado à exportação — é negociado a R$ 310,00/@, com ágio de R$ 5,00/@ sobre o mercado interno. As escalas médias atendem a apenas dez dias, sinal de oferta enxuta.
Em Goiás, o cenário é semelhante: o boi gordo subiu para R$ 292,00/@, e nas regiões sulistas do estado o avanço chegou a R$ 4,00/@. Já em Minas Gerais, os preços seguem estáveis, mas analistas apontam que a oferta tende a diminuir gradualmente com o avanço da entressafra.
Exportações recordes reforçam otimismo
O principal vetor de sustentação do mercado vem das exportações de carne bovina in natura, que seguem batendo recordes sucessivos. Em setembro, o Brasil embarcou 314,7 mil toneladas, o maior volume mensal da história, segundo dados da Secex. O desempenho representa um aumento de 25% em relação a setembro de 2024, e de 17,2% sobre agosto.
A China lidera as compras, com 187,2 mil toneladas — cerca de 60% do total exportado —, volume 30 mil toneladas superior ao recorde anterior registrado em julho. O preço médio da tonelada exportada também subiu, atingindo US$ 5.617, o maior valor dos últimos 35 meses. Em reais, o preço médio foi de R$ 30.150/t, 20,6% superior ao mesmo mês do ano passado.
No acumulado de 2025, o país já exportou 2,15 milhões de toneladas, gerando US$ 11,37 bilhões em receita — alta de 37,2% em dólares e 46,3% em reais frente ao mesmo período de 2024.
Perspectivas de alta e menor oferta doméstica
O avanço das exportações vem reduzindo a disponibilidade de carne no mercado interno, o que tende a favorecer a recuperação dos preços domésticos. Segundo análises da HN Agro, o aumento no preço do bezerro — 32% acima da média de 2024 — deve frear o abate de fêmeas nos próximos meses, reduzindo a oferta e pressionando positivamente a arroba.
Com escassez de boiadas prontas, firmeza nas exportações e consumo interno reagindo, o mercado do boi gordo entra no último trimestre com viés de alta consistente. A tendência é de preços sustentados até o fim do ano, especialmente nas praças paulistas e sul-mato-grossenses, que concentram boa parte da demanda externa.
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