
Mercado do boi gordo recua com maior oferta de animais para abate e pastagem deteriorada, mas Dia das Mães pode frear desvalorização; pecuaristas já gritam “menos que R$ 300/@, não”
O mercado físico de boi gordo iniciou maio sob forte pressão de baixa, reflexo da maior oferta de animais para abate, pastagens em declínio e escalas mais folgadas nos frigoríficos. A situação já faz pecuaristas reagirem nas redes sociais com um grito de alerta: “menos que R$ 300/@, não!”, numa tentativa de resistir à desvalorização da arroba em importantes praças pecuárias do país.
A pressão sobre as cotações já era esperada para o segundo trimestre, período em que a sazonalidade das pastagens dificulta a retenção de animais no campo. Segundo a Scot Consultoria, a oferta elevada tem permitido que os frigoríficos alonguem suas escalas de abate para até 10 dias em média no Estado de São Paulo.
De acordo com os analistas da consultoria, os preços da arroba no dia 30 de abril caíram R$ 2/@ nas categorias de boi comum, boi-China e novilha gorda, com os seguintes valores brutos no prazo:
- Boi comum: R$ 318/@
- Novilha gorda: R$ 303/@
- Boi-China: R$ 323/@
Cotações nacionais do boi gordo
Mesmo com as tentativas de sustentação de preços por parte de pecuaristas, os valores continuam em baixa em várias regiões do país:
- São Paulo: R$ 321,33
- Goiás: R$ 300,18
- Minas Gerais: R$ 316,18
- Mato Grosso do Sul: R$ 322,39
- Mato Grosso: R$ 323,89
Segundo Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, os contratos futuros do boi gordo na B3 reforçam esse viés baixista. Contudo, ele aponta uma expectativa de recuperação pontual na primeira quinzena de maio, impulsionada pela combinação de pagamento de salários e Dia das Mães, além de exportações ainda em bom ritmo.
Varejo resiste e dianteiros sustentam o mercado
No atacado, os preços seguem estáveis, com destaque para os cortes de dianteiro e ponta de agulha. A Agrifatto indica que, apesar do ritmo mais lento, as vendas de carne com osso foram consideradas regulares, com pedidos medianos do varejo.
Os preços médios por quilo no atacado paulista ficaram assim:
- Quarto traseiro: R$ 25,00
- Quarto dianteiro: R$ 20,50
- Ponta de agulha: R$ 18,50
Moeda e exportações de carne bovina
A cotação do dólar também impacta as margens dos exportadores. Na terça-feira (30/4), o dólar comercial fechou em alta de 0,78%, a R$ 5,6750 para venda. No mês de abril, contudo, a moeda acumulou queda de 0,57%, o que reduz a competitividade das exportações brasileiras em relação a outros players do mercado global.
Com o mercado do boi gordo pressionado por fatores sazonais e uma oferta abundante, o apelo dos pecuaristas para manter o piso dos R$ 300/@ evidencia o ponto crítico da cadeia produtiva neste início de maio. A expectativa recai agora sobre o consumo interno e as exportações para que tragam algum fôlego às cotações nas próximas semanas.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.