Boi gordo tem alta de R$ 12/@ desde o início do mês; o que esperar no curto prazo?

Escalas de abate curtas, demanda firme e exportações recordes sustentam preços e indicam cenário positivo no mercado do boi gordo para o pecuarista, pelo menos no curto prazo

O mercado do boi gordo encerra a primeira semana de agosto com valorização consistente, refletindo um ambiente de negócios favorável ao pecuarista. As cotações acumularam ganhos expressivos nos últimos dias, impulsionadas por escalas de abate mais curtas, aumento da demanda interna e um cenário externo bastante promissor para a carne bovina brasileira. Especialistas apontam que a tendência é de manutenção dessa firmeza no curto prazo, com perspectivas positivas para o segundo semestre.

Segundo levantamento da Safras & Mercado, frigoríficos — principalmente os de menor porte — estão operando com escalas de apenas seis a sete dias úteis na média nacional, o que eleva a concorrência na compra dos animais e sustenta a alta nos preços. Em São Paulo, referência nacional, o boi gordo “comum” fechou a R$ 307/@ à vista, acumulando alta de R$ 12 desde o início do mês, segundo a Scot Consultoria. Já o indicador da Agrifatto mostra negócios para o boi-China na mesma faixa de preço, sem ágio relevante no momento.

Escalas de abate encurtam e pressionam preços

Dados da Agrifatto mostram que quatro das nove praças monitoradas registraram retração nas escalas de abate na primeira semana de agosto, com destaque para o Tocantins, que reduziu três dias na programação.

Essa menor disponibilidade de oferta no mercado spot força a indústria a elevar as ofertas para garantir o abastecimento, principalmente no caso de plantas sem grandes parcerias de confinamento.

Preços do boi gordo por região e variação na semana

De acordo com a Safras News, os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo apresentaram alta na maioria das praças monitoradas entre 1º e 8 de agosto:

  • São Paulo (Capital): R$ 310, alta de 3,33% frente aos R$ 300
  • Goiás (Goiânia): R$ 295, avanço de 3,51% ante R$ 285
  • Minas Gerais (Uberaba): R$ 300, aumento de 3,45% frente aos R$ 290
  • Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 315, valorização de 3,28% sobre os R$ 305
  • Mato Grosso (Cuiabá): R$ 300, alta de 1,69% frente aos R$ 295
  • Rondônia (Vilhena): R$ 270, avanço de 1,89% sobre os R$ 265

Esses números reforçam a tendência de recuperação dos preços, com destaque para Goiás e Minas Gerais, que registraram as maiores variações percentuais no período.

Mercado físico e futuro do boi gordo seguem firmes

O mercado físico apresentou oscilações entre estabilidade e alta ao longo da semana, sustentado pela reposição entre atacado e varejo e pela boa fluidez no consumo interno, impulsionado pelo pagamento dos salários e pela proximidade do Dia dos Pais. No mercado futuro, os contratos de outubro estão na faixa de R$ 335/@, se aproximando de picos de R$ 350/@ registrados anteriormente neste ano.

Para Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, “a expectativa é muito mais para um viés de alta nos próximos meses do que para um viés de baixa”, sustentada pelo aumento do consumo doméstico, menor participação de fêmeas nos abates e alívio no cenário comercial com a China.

Exportações aquecidas e diversificação de destinos

Julho marcou um resultado histórico para o Brasil, com 276,9 mil toneladas de carne bovina in natura exportadas, maior volume mensal já registrado. A receita também impressiona: US$ 1,536 bilhão no mês, alta de 46,9% no valor médio diário em relação a julho de 2024. A China segue como principal compradora, mas México, Arábia Saudita e Rússia ampliaram significativamente suas compras, compensando a perda momentânea de espaço nos Estados Unidos.

Concorrência das proteínas e cenário interno

Apesar do cenário positivo, analistas alertam que a carne de frango segue bastante competitiva, o que pode limitar repasses de preços no mercado interno. Ainda assim, o quarto traseiro do boi registrou valorização de 7,48% na semana, cotado a R$ 23/kg, e o dianteiro subiu para R$ 17,80/kg.

Perspectivas para o pecuarista

O conjunto de fatores — escalas curtas, exportações recordes, demanda interna aquecida e mercado futuro em alta — cria um cenário otimista para o pecuarista no curto prazo. A tendência é de que os preços do boi gordo se mantenham firmes ao longo de agosto, com possibilidade de novas valorizações caso a oferta siga ajustada e o ritmo de exportações continue forte.

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