
Estabilidade nos preços, frigoríficos mais cautelosos e exportações em ritmo recorde mostram que o mercado do boi gordo vive um momento de transição, em que a valorização ainda depende do equilíbrio entre oferta, demanda e estratégias conjuntas do setor
O mercado do boi gordo iniciou a semana com preços acomodados em grande parte do país. De acordo com análise de Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, o cenário segue lateralizado, com possibilidade de reajustes mais consistentes apenas a partir da primeira quinzena de setembro. Um dos fatores que têm contido maiores oscilações é a utilização de bois de parceria e de confinamentos próprios pelos frigoríficos de grande porte, o que ajuda a reforçar as escalas de abate.
Já no levantamento da Scot Consultoria e da Agrifatto, a leitura é de que muitos frigoríficos reduziram o ritmo de compras, uma vez que suas programações já estão preenchidas para cerca de nove dias úteis.
Essa estratégia resultou em estabilidade das cotações em São Paulo, onde o boi comum foi negociado a R$ 310/@ e o “boi-China” a R$ 315/@. As vacas e novilhas gordas seguem cotadas em R$ 285 e R$ 302/@, respectivamente.
Cotações regionais da arroba do boi gordo
Segundo dados apurados, a média das principais praças pecuárias nesta segunda-feira (25) foi a seguinte:
- São Paulo: R$ 311,68
- Goiás: R$ 301,61
- Minas Gerais: R$ 302,65
- Mato Grosso do Sul: R$ 319,09
- Mato Grosso: R$ 310,34
No atacado, os preços da carne bovina também permanecem firmes: o quarto traseiro segue a R$ 23/kg, o dianteiro a R$ 18/kg e a ponta de agulha em R$ 17/kg.
Exportações em ritmo recorde
Mesmo diante da postura mais cautelosa dos frigoríficos, as exportações seguem como principal motor de sustentação do mercado. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que, em apenas 16 dias úteis de agosto, o Brasil exportou 212,9 mil toneladas de carne bovina, com receita de US$ 1,192 bilhão. Em comparação com agosto de 2024, houve alta de 70,1% no valor médio diário, além de crescimento de 34,7% no volume embarcado.
O Cepea/Esalq reforça que a produção interna não acompanha o avanço das exportações. No primeiro semestre, a produção formal cresceu 122 mil toneladas, mas as vendas externas aumentaram 164,1 mil toneladas. Isso elevou a participação da carne exportada de 25,1% em 2024 para 28,7% em 2025 — o maior índice da história.
Mercado futuro indica tendência de valorização
Na B3, os contratos futuros do boi gordo encerraram a última sexta-feira em alta. O vencimento de novembro/25 fechou em R$ 329,80/@, registrando avanço de 0,75% frente ao pregão anterior. Esse movimento sugere confiança do mercado em uma retomada da tendência altista nos próximos meses.
União como fator decisivo
Apesar do cenário positivo nas exportações e da sinalização de recuperação no mercado futuro, os analistas reforçam que o curto prazo exige cautela. A pressão sobre as escalas de abate e o consumo interno ainda contido pedem atenção dos pecuaristas.
Nesse contexto, especialistas defendem que o momento é de união entre os elos da cadeia produtiva, evitando movimentos isolados que possam enfraquecer a valorização da arroba. “Exportações em ritmo elevado, consumo interno mais firme no fim do ano e maior valorização da reposição tendem a sustentar a recuperação do mercado físico”, reforça a Agrifatto.
O boi gordo tem espaço para novas altas, sustentado pelo apetite externo e pelo desempenho dos contratos futuros. No entanto, a estabilidade atual mostra que a consolidação dessa valorização depende de coordenação entre pecuaristas, confinadores e frigoríficos, garantindo equilíbrio entre oferta e demanda.
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