Boi gordo trava com nova tarifa de Trump; ‘boi-China’ vale R$ 315/@

Nova taxação de 50% imposta pelos EUA encarece carne brasileira, paralisa frigoríficos e pressiona preços no mercado interno do boi gordo

A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa adicional de 50% sobre a carne bovina brasileira começa a causar impactos severos no mercado pecuário. A medida, anunciada pela administração de Donald Trump, elevou para 76% a carga tarifária total sobre os produtos do Brasil, praticamente inviabilizando as exportações ao mercado norte-americano, que é o segundo maior comprador da nossa carne.

Efeitos imediatos: frigoríficos fora das compras e preços em queda

Com a nova tarifa, frigoríficos exportadores começaram a suspender a compra de gado. Segundo a Scot Consultoria, indústrias em São Paulo deixaram de operar, mesmo aquelas que não exportam diretamente aos EUA. A consequência imediata foi a redução no preço da arroba, especialmente nas regiões com maior dependência do mercado americano.

As cotações do dia 10 de julho apontam que o boi gordo “comum” em São Paulo caiu para R$ 305/@ e o “boi-China” foi negociado a R$ 315/@ — ambos com quedas de R$ 1/@ em relação ao dia anterior .

Outros estados também sentiram os efeitos: Goiás (R$ 286,43), Minas Gerais (R$ 293,53), Mato Grosso do Sul (R$ 309,32) e Mato Grosso (R$ 311,28) registraram retrações nas cotações . Das 17 regiões monitoradas pela Agrifatto, oito apresentaram desvalorização, entre elas SP, AC, BA, ES, GO, MA, MG e RO .

Boi nos EUA dispara e Brasil perde competitividade

A carne brasileira ficou artificialmente cara nos Estados Unidos: de acordo com a Agrifatto, com a nova tarifa, o preço da tonelada exportada ao país salta de US$ 5.540 para US$ 8.590, um aumento de 55% . O valor, considerado exorbitante, tira a competitividade da proteína brasileira frente a fornecedores como Austrália, Argentina e Uruguai, que seguem com acesso facilitado ao mercado americano .

“O produto brasileiro torna-se praticamente inviável nos EUA”, apontou a consultoria, que ainda prevê redução no volume exportado e perda de participação de mercado caso a medida não seja revertida até o fim de julho .

Exportações sob ameaça

No primeiro semestre de 2025, os EUA importaram 181 mil toneladas de carne bovina do Brasil, gerando US$ 1,04 bilhão em receita, o que representa 11,8% do volume total exportado pelo país . São Paulo e Goiás são os estados mais afetados, com quase um quarto de suas exportações de carne destinadas ao mercado americano .

Em São Paulo, 13% da carne bovina exportada tem os EUA como destino. Em Goiás, esse índice sobe para 22,6%, o que explica a forte retração observada nas cotações dessas praças.

Mercado futuro do boi gordo reflete a incerteza

Na B3, os contratos futuros do boi gordo exibiram comportamento misto. O vencimento para julho/25 caiu para R$ 310/@, enquanto o dezembro/25 subiu para R$ 337,50/@ . A movimentação indica volatilidade e incerteza quanto ao rumo do mercado diante da tensão comercial.

Atacado e câmbio também sentem os reflexos

O mercado atacadista mostra preços instáveis. O quarto traseiro caiu R$ 0,50, ficando em R$ 22,50/kg, enquanto a ponta de agulha subiu para R$ 18,50/kg . Já o dólar comercial fechou em alta de 0,69%, cotado a R$ 5,5407, com máxima no dia de R$ 5,6215, aumentando o custo das importações e pressionando ainda mais o cenário.

Resumo:

  • Nova tarifa dos EUA encarece carne brasileira em 55% e a torna inviável;
  • Exportações travam e frigoríficos paralisam compras, derrubando o preço da arroba;
  • ‘Boi-China’ vale R$ 315/@ e o comum cai para R$ 305/@ em SP;
  • Brasil perde espaço para concorrentes como Austrália e Uruguai;
  • Mercado futuro oscila e câmbio pressiona custos.

A crise comercial entre Brasil e Estados Unidos pode ter efeitos duradouros sobre a pecuária nacional. O setor agora observa atentamente os desdobramentos diplomáticos enquanto tenta se adaptar à nova realidade do mercado.

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