Boi gordo usa exportações como “paraquedas” para evitar novas quedas; veja as cotações

Exportações recordes seguram preços no mercado do boi gordo em meio a consumo interno fraco e escalas de abate confortáveis; virada do mês deve trazer mudanças

O mercado do boi gordo segue enfrentando forte pressão baixista no Brasil, reflexo da oferta elevada de animais terminados e de um consumo interno ainda lento. No entanto, as exportações recordes de carne bovina têm funcionado como um verdadeiro “paraquedas” para o setor, impedindo que as cotações despenquem ainda mais. Enquanto frigoríficos mantêm escalas de abate confortáveis, o desempenho nas vendas externas é o principal fator de sustentação dos preços.

De acordo com análise da Safras & Mercado, a pressão é mais evidente em estados como Mato Grosso e Tocantins, onde os preços vêm cedendo diante da maior disponibilidade de animais de confinamento e parcerias a termo. As escalas de abate, em média, estão entre oito e nove dias úteis no cenário nacional, o que dá às indústrias maior poder de barganha sobre os pecuaristas.

No mercado atacadista, o movimento também é de recuo. O quarto traseiro foi cotado a R$ 23,35/kg, queda de R$ 0,15, enquanto a ponta de agulha caiu R$ 0,10, para R$ 16,40/kg. O dianteiro manteve-se em R$ 17,50/kg. A perda de ritmo no escoamento interno, principalmente na segunda quinzena de setembro, tem reforçado esse cenário. “A carne de frango ainda é mais competitiva frente às proteínas concorrentes, especialmente em relação à bovina”, observa o analista Fernando Henrique Iglesias.

Consumo doméstico travado e indústrias cautelosas

Segundo a Scot Consultoria, em São Paulo o boi gordo “comum” está em R$ 305/@, enquanto o chamado “boi-China” negocia com ágio, em R$ 308/@. A vaca e a novilha gordas estão cotadas a R$ 280/@ e R$ 295/@, respectivamente. Apesar da estabilidade em parte das praças, muitos frigoríficos permanecem fora das compras, sustentados pelas escalas cheias e pelo consumo interno desaquecido.

Exportações em ritmo histórico

O grande contraponto vem do mercado externo. Nos primeiros 15 dias úteis de setembro de 2025, o Brasil embarcou 209,6 mil toneladas de carne bovina, com média diária de 13,9 mil toneladas, um salto de 16,6% em relação ao mesmo período de 2024. Em receita, o avanço é ainda mais expressivo: US$ 78,6 milhões por dia, alta de 45,4% na comparação anual.

Além disso, o preço médio da tonelada exportada chegou a US$ 5.626,2, valorização de 24,6% sobre setembro do ano passado. Agosto já havia registrado recorde histórico, com 268,6 mil toneladas exportadas e faturamento de US$ 1,5 bilhão, incremento de 56% sobre 2024. Esses números são fundamentais para absorver parte da produção que encontra dificuldade de escoamento no mercado interno.

Cotações regionais do boi gordo

As principais praças monitoradas apresentam o seguinte quadro:

Região/EstadoCotação atual (R$/@)Variação
São Paulo304,42 – 305,00Estável
Goiás287,14Queda
Minas Gerais287,65Queda
Mato Grosso do Sul321,16Estável
Mato Grosso294,32Queda
Vaca gorda (SP)280,00Estável
Novilha gorda (SP)295,00Estável

Perspectivas para a arroba

O cenário indica que o consumo doméstico seguirá limitado no curto prazo, pressionando o varejo e o atacado. Porém, o ritmo acelerado das exportações tende a sustentar os preços da arroba, evitando quedas mais acentuadas. O setor agora acompanha o câmbio, que influencia diretamente a competitividade da carne brasileira no exterior. Na última sessão, o dólar encerrou cotado a R$ 5,27, em leve baixa.

Em resumo, enquanto o mercado interno dá sinais de fraqueza, é a demanda internacional que garante o fôlego da pecuária brasileira neste momento, segurando a arroba do boi gordo em patamares que poderiam estar muito mais baixos diante da atual conjuntura.

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