
Com início de outubro, pecuaristas renovam expectativas de valorização no preço do boi gordo; consumo interno tende a reagir com entrada dos salários e exportações seguem firmes como principal pilar de sustentação
O mercado do boi gordo inicia outubro em compasso de espera, mas com sinais claros de que uma retomada de alta pode estar próxima. O cenário atual combina estabilidade nas negociações com expectativas positivas de aumento do consumo doméstico, impulsionado pela entrada dos salários no início do mês, além de um desempenho robusto das exportações, que continuam sendo o principal alicerce para as cotações da arroba.
Segundo analistas da Safras & Mercado, Agrifatto e Scot Consultoria, o movimento ainda é de lateralização dos preços, com frigoríficos operando com escalas de abate confortáveis — em alguns casos, cobrindo até 10 dias úteis —, resultado de parcerias com pecuaristas, confinamentos próprios e contratos a termo.
Consumo interno deve reagir com salários
Com a entrada do dinheiro dos salários, o mercado espera um reforço no poder de compra do consumidor brasileiro, o que tende a aumentar a demanda por carne bovina — ainda a proteína preferida no país. Segundo os analistas, o avanço do consumo interno pode se tornar um gatilho para um novo ciclo de valorização da arroba ao longo da primeira quinzena de outubro.
“A entrada dos salários é um motivador importante de consumo, e isso pode refletir em alguma alta dos preços neste início de mês”, observa Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado.
No entanto, a carne de frango segue com maior competitividade, oferecendo uma alternativa mais barata ao consumidor, o que pode limitar o ritmo de avanço das vendas de carne bovina no varejo.
Exportações seguem como pilar de sustentação
Mesmo com o consumo doméstico ainda moderado, as exportações continuam sendo o principal motor do mercado. Em setembro, os embarques atingiram recorde histórico, tanto em volume quanto em receita, sustentando as cotações em patamares elevados.
De acordo com a Agrifatto, o indicador CEPEA/B3 encerrou setembro com média de R$ 307,87/@, variação positiva de 0,20% frente a agosto e alta expressiva de 20,52% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho reforça que o mercado externo segue absorvendo a produção brasileira com força, mesmo diante de um mercado interno mais contido.
Cotações atuais do boi gordo
As principais praças pecuárias registram estabilidade nas cotações no início de outubro, mas com viés de alta para os próximos dias, especialmente com o reforço da demanda. Confira os valores apurados:
Praça Pecuária | Preço Atual (@) | Variação Diária | Fonte |
---|---|---|---|
São Paulo | R$ 304,10 | +R$ 0,83 | Safras & Mercado |
São Paulo (boi-China) | R$ 307,00 | Estável | Scot Consultoria |
Mato Grosso do Sul | R$ 318,18 | -R$ 0,48 | Safras & Mercado |
Mato Grosso | R$ 293,66 | -R$ 0,95 | Safras & Mercado |
Minas Gerais | R$ 290,00 | +R$ 1,47 | Safras & Mercado |
Goiás | R$ 289,64 | +R$ 0,89 | Safras & Mercado |
No mercado físico, os animais terminados seguem com valores firmes, refletindo a boa performance das exportações e a oferta controlada.
Mercado atacadista e cortes bovinos
Os preços no atacado seguem estáveis, mas a expectativa é de reaquecimento gradual nas próximas semanas. O quarto traseiro está cotado a R$ 23,00/kg, o dianteiro a R$ 17,00/kg, e a ponta de agulha a R$ 16,50/kg.
Essa estabilidade indica que o mercado ainda aguarda maior tração no consumo para iniciar um movimento mais expressivo de alta.
Mercado futuro do boi gordo: otimismo moderado
Na B3, o contrato de dezembro/25 fechou a R$ 324,45/@, com alta de 0,43% em relação ao pregão anterior. O desempenho mostra otimismo cauteloso, sustentado por exportações recordes e perspectivas de melhora no consumo interno.
Expectativas para outubro
Com a combinação de entrada dos salários, estoques ajustados e exportações aquecidas, o mercado do boi gordo inicia outubro com potencial de valorização. No entanto, o ritmo das altas dependerá da resposta do consumo interno, especialmente frente à concorrência com proteínas mais baratas.
Analistas reforçam que os fundamentos são positivos e que o mercado pode ganhar força a partir da segunda semana do mês, caso o escoamento da carne realmente acelere.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.