
Tarifas dos EUA pressionam mercado, e arroba do boi gordo recua nas principais regiões produtoras; confira os valores atualizados em São Paulo, Goiás, Minas, Mato Grosso e MS
O mercado físico do boi gordo iniciou a semana sob forte pressão, refletindo a insegurança gerada pelo anúncio das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, previstas para entrar em vigor em agosto. O temor de impacto nas exportações, somado às escalas de abate confortáveis e à chegada de animais confinados, tem permitido que os frigoríficos recuem nas ofertas e testem valores mais baixos, mesmo diante de um mercado interno ainda dependente da carne bovina.
Em São Paulo, segundo a Scot Consultoria, o boi gordo comum caiu R$ 3/@, para R$ 305, enquanto o “boi-China” (padrão-exportação) recuou R$ 4/@, fechando em R$ 310 no prazo. Os preços da vaca gorda (R$ 278/@) e da novilha (R$ 293/@) permaneceram estáveis. As escalas de abate no estado alcançam, em média, 10 dias, o que reforça a cautela das indústrias frigoríficas na ponta compradora.
A Agrifatto indica que, apesar do recuo nos preços de São Paulo, as demais 16 praças monitoradas mantiveram estabilidade na segunda-feira (14). A média nacional para o boi gordo, segundo a consultoria, é de R$ 293,45/@.
Preços da arroba do boi gordo em outras praças
Conforme levantamento da Safras & Mercado, os valores da arroba nas principais regiões são:
- Mato Grosso do Sul: R$ 305,23
- Mato Grosso: R$ 302,84
- São Paulo: R$ 302 (valor de referência sem distinção de padrão de exportação)
- Minas Gerais: R$ 288,53
- Goiás: R$ 283,04
Essa queda generalizada acompanha a postura defensiva dos frigoríficos, que alegam incertezas cambiais e internacionais para postergar compras ou oferecer valores abaixo da média anterior.
Carne bovina no atacado também desacelera
No mercado atacadista, os preços da carne bovina permanecem estáveis, mas com pouco espaço para reajustes. A expectativa para a segunda quinzena de julho, período de consumo mais fraco, é de manutenção ou até recuo nas cotações.
- Quarto traseiro: R$ 22,50/kg
- Quarto dianteiro: R$ 18,75/kg
- Ponta de agulha: R$ 18,50/kg
O analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, destacou que a carne de frango segue mais competitiva, fator que pressiona ainda mais o consumo da carne bovina no varejo.
Câmbio e tensão geopolítica
Outro fator que influencia diretamente o mercado do boi gordo é o câmbio. O dólar fechou o dia 14/7 em alta de 0,71%, cotado a R$ 5,5857 para venda. Essa valorização da moeda norte-americana aumenta os custos de importações e impacta os contratos futuros e a previsibilidade das exportações.
Análise: incerteza trava negócios e acentua volatilidade
A tensão provocada pelo “tarifaço” imposto pelos EUA é hoje o principal entrave para retomada da firmeza no mercado. Para a Agrifatto, a interrupção nas compras por parte dos frigoríficos exportadores e o risco de perda de competitividade frente a países como Austrália, Argentina e Uruguai exigem que o governo brasileiro adote postura pragmática e diplomática, focando na resolução da disputa antes de 1º de agosto.
“Mais que uma disputa comercial, está em jogo a maturidade geopolítica e a capacidade do país de proteger seus interesses estratégicos”, alerta a consultoria.
Enquanto isso, o mercado segue estagnado, à espera de definições externas e do comportamento de consumo no mercado interno — um cenário que exige cautela de pecuaristas e atenção redobrada na gestão do confinamento e nas estratégias comerciais.
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