
Mercado do boi gordo abre a semana e segue pressionado por escalas de abate confortáveis, mas avanço das exportações e entrada dos salários podem impulsionar reação nos preços
O mercado do boi gordo encerrou a última semana de setembro em clima de estabilidade e indefinição, após dias de leve pressão sobre as cotações nas principais praças pecuárias do país. Analistas apontam que, apesar das quedas recentes, há expectativa de melhora com a virada do mês, impulsionada pelo aumento do consumo interno e pelo bom desempenho das exportações brasileiras de carne bovina.
De acordo com Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, os frigoríficos — especialmente os de maior porte — continuam operando com escalas de abate confortáveis, fechadas entre oito e nove dias úteis na média nacional . Esse cenário reduz a urgência por novas compras e limita a valorização da arroba.
“A entrada de oferta de animais de parceria, via contratos a termo, mantém o mercado abastecido e ajuda a explicar o movimento de estabilidade e leves quedas”, explica Iglesias.
Segundo levantamento da Agrifatto, o ritmo de negócios permanece lento e sem uma tendência definida para os próximos dias. Mesmo com tentativas de pressão nas praças do Norte e Centro-Oeste, os frigoríficos não obtiveram grande êxito em reduzir as cotações, encontrando resistência de pecuaristas que preferiram segurar o gado ou fracionar lotes .
Cotações da arroba do boi gordo
Confira as principais cotações a prazo apuradas na sexta-feira (26/9): Praça Preço (R$/@) Variação Semanal São Paulo (Capital) R$ 300 -1,64% Goiânia (GO) R$ 285 -1,72% Uberaba (MG) R$ 285 -1,72% Dourados (MS) R$ 325 +0,62% Cuiabá (MT) R$ 295 -1,67% Vilhena (RO) R$ 280 -1,75%
Em São Paulo, o boi comum segue negociado entre R$ 300 e R$ 305, enquanto o boi-China gira em torno de R$ 308. A vaca gorda é cotada a R$ 280/@ e a novilha terminada a R$ 295/@, segundo a Scot Consultoria .
A média nacional apurada pela Agrifatto ficou em R$ 292,65/@, refletindo o equilíbrio entre as praças que registraram leve queda e aquelas com alta pontual.
Expectativa de reação com entrada dos salários
O mercado atacadista também registrou semana de baixas nos cortes bovinos, com destaque para o traseiro, cotado a R$ 23,35/kg (-3,11%), e o dianteiro, a R$ 17,50/kg (-2,78%) .
Contudo, a Safras & Mercado projeta melhora no consumo interno na primeira quinzena de outubro, impulsionada pela entrada dos salários e pelas ações promocionais no varejo.
Apesar disso, a carne de frango segue mais competitiva, dificultando uma recuperação mais consistente dos preços da carne bovina no curto prazo.
Exportações continuam sendo o principal suporte
As exportações de carne bovina seguem firmes e continuam sendo o principal fator de sustentação para o mercado do boi gordo. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em setembro, o Brasil embarcou 209,6 mil toneladas de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada, com receita de US$ 1,179 bilhão .
O valor médio diário exportado foi 45,4% maior do que no mesmo período de 2024, evidenciando forte demanda internacional, sobretudo da China e de mercados emergentes do Oriente Médio.
Perspectivas para outubro
A combinação entre estoques regulados, exportações aquecidas e maior consumo interno alimenta o otimismo moderado de analistas. A expectativa é de que, com o início de outubro, o mercado encontre espaço para reação nas cotações, ainda que sem grandes saltos imediatos.
“O cenário é de estabilidade com viés de alta, principalmente se as escalas começarem a reduzir e a reposição entre varejo e atacado ganhar força”, resume Iglesias.
Enquanto isso, os pecuaristas seguem atentos às movimentações das indústrias frigoríficas, ao ritmo de exportações e ao mercado futuro, que pode antecipar parte da valorização do boi gordo esperada para o último trimestre de 2025.
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