Boi gordo vive momentos “sombrios” enquanto indústria dita os preços; veja as cotações

Mercado físico do boi gordo enfrenta pressão dos frigoríficos e queda em importantes praças, apesar do bom desempenho das exportações

O mercado do boi gordo no Brasil atravessa um período de forte instabilidade, caracterizado por pressão das indústrias frigoríficas sobre os preços e retração nas negociações em diversas regiões pecuárias. A situação, descrita por analistas como “sombria”, revela um descompasso entre a força exportadora da carne bovina e a fraqueza do consumo doméstico, além da influência de fatores cambiais e do alongamento das escalas de abate.

De acordo com levantamento da Agrifatto, 8 das 17 praças monitoradas registraram queda no preço da arroba nesta quarta-feira (17), entre elas São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Tocantins e Bahia.

Em outras nove regiões, os preços permaneceram estáveis. A Scot Consultoria confirmou que, em São Paulo, o mercado abriu o dia pagando R$ 3 a menos por arroba em todas as categorias terminadas.

O movimento reflete a estratégia das indústrias frigoríficas, que contam com escalas de abate alongadas — em alguns casos chegando a 11 dias de cobertura — apoiadas em contratos a termo e animais de confinamento próprio. Essa condição proporciona maior poder de barganha às empresas e pressiona os pecuaristas a aceitarem valores mais baixos.

Impacto do câmbio e do consumo interno

Outro fator relevante é a valorização do real, que reduz a competitividade da carne bovina brasileira no mercado externo e contribui para o arrefecimento das cotações. Além disso, o consumo doméstico segue enfraquecido nesta segunda quinzena de setembro, período tradicionalmente marcado por menor apelo de compra.

O analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, ressalta que a carne de frango continua sendo a preferência da maior parte das famílias brasileiras de baixa renda, o que limita a demanda pela carne bovina.

Exportações seguem firmes, mas não aliviam o produtor

Apesar do cenário interno adverso, as exportações de carne bovina seguem em patamares elevados em 2025, puxadas principalmente pela demanda da China. Esse desempenho, no entanto, ainda não tem sido suficiente para sustentar os preços pagos ao pecuarista no mercado físico.

Cotações do boi gordo

  • São Paulo: R$ 302,75/@ (ontem: R$ 305,50)
  • Boi comum (SP, Agrifatto): R$ 310/@
  • Boi-China (SP, Agrifatto): R$ 315/@
  • Goiás: R$ 289,29/@ (ontem: R$ 291,43)
  • Minas Gerais: R$ 287,65/@ (ontem: R$ 288,24)
  • Mato Grosso do Sul: R$ 320,34/@ (ontem: R$ 320,55)
  • Mato Grosso: R$ 298,78/@ (ontem: R$ 299,26)

Em média nacional, segundo a Agrifatto, o valor do boi gordo recuou para R$ 292,95/@, com destaque para as praças do Pará, Tocantins, Minas e Goiás, onde as quedas foram mais acentuadas.

Mercado futuro fo boi gordo e tendência

Na B3, os contratos futuros do boi gordo também refletem o ambiente de incertezas. O vencimento de outubro/25 foi negociado a R$ 306,10/@, queda de 1,35% frente ao dia anterior. Analistas indicam que o mercado físico deve seguir pressionado no curto prazo, até que haja uma recomposição da demanda interna ou mudança no câmbio.

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