Boi gordo vive viés de baixa e apenas uma praça tem arroba a R$ 321; veja qual

Ainda segundo o levantamento realizado pelas consultorias, a praça é a que mantém liderança nos preços, enquanto outras regiões enfrentam pressão de baixa no preço do boi gordo e ágio reduzido no “boi-China”

O mercado do boi gordo iniciou a semana em ritmo de acomodação, mas com viés de baixa em grande parte das praças pecuárias do país. A pressão das indústrias frigoríficas, aliada ao consumo interno enfraquecido e ao bom volume de oferta, tem limitado as tentativas de reação nos preços. No cenário atual, apenas o Mato Grosso do Sul registrou valor médio da arroba acima de R$ 320, alcançando R$ 321,05/@, conforme levantamento da Safras & Mercado.

Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, os ajustes negativos são mais evidentes no Mato Grosso, onde a arroba caiu para R$ 295,00, contra R$ 297,91 na sexta-feira. Já em estados como São Paulo, Goiás e Minas Gerais, o mercado apresenta sinais de maior acomodação, com preços médios em torno de R$ 305,67, R$ 288,75 e R$ 287,94, respectivamente.

Esse movimento reflete a estratégia das indústrias, que trabalham com escalas de abate relativamente confortáveis, sustentadas por animais de confinamento e contratos a termo. Em São Paulo, por exemplo, a Agrifatto apontou escalas médias de 10 dias, o que garante maior poder de barganha aos frigoríficos.

“Boi-China” perde fôlego

Outro destaque é a queda do ágio do chamado “boi-China”, animal jovem abatido com até 30 meses. Em São Paulo, a arroba desse padrão, que já chegou a ter diferença de até R$ 10 em relação ao animal comum, agora é negociada a R$ 308, apenas R$ 3 acima do preço do boi gordo tradicional (R$ 305). Isso indica que a forte demanda chinesa, embora continue relevante, não tem sido suficiente para sustentar o prêmio observado em meses anteriores.

Atacado e consumo

No atacado, o mercado também apresenta sinais de fraqueza. Os preços das carnes bovinas seguem estáveis, mas com viés de retração diante da maior competitividade do frango e da cautela do consumidor. O traseiro foi cotado a R$ 23,50/kg, o dianteiro a R$ 17,50/kg e a ponta de agulha a R$ 16,50/kg, patamares que reforçam a dificuldade de repasse de preços no varejo.

Segundo a Agrifatto, o comportamento do consumo acompanha a sazonalidade: no final da segunda quinzena, o esgotamento dos salários pesa sobre a demanda, o que reduz o ritmo das compras do varejo e mantém os estoques abastecidos.

Exportações em alta e câmbio seguram preços do boi gordo

Se no mercado interno o ambiente é de cautela, no externo o desempenho segue robusto. Nos primeiros 15 dias úteis de setembro, o Brasil exportou 209,6 mil toneladas de carne bovina, gerando receita de US$ 1,179 bilhão. Isso representa alta de 45,4% no valor médio diário frente a setembro do ano passado, reforçando o protagonismo do país nas vendas externas.

O câmbio também ajuda na competitividade: o dólar encerrou a última sessão a R$ 5,33, após oscilar entre R$ 5,32 e R$ 5,36.

O mercado do boi gordo vive um momento de pressão baixista, em que apenas o Mato Grosso do Sul sustenta valores acima de R$ 321/@. A perda de ágio do “boi-China”, o consumo doméstico contido e a confortável posição dos frigoríficos apontam para dificuldades na recuperação dos preços no curto prazo. Por outro lado, as exportações seguem como pilar de sustentação da pecuária brasileira, mantendo o país em posição de destaque no comércio global de carnes.

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