Boi gordo volta a R$ 320 com grande valorização em agosto; e agora, alta continua?

Mercado do boi gordo reage com força, mas especialistas alertam para ritmo moderado no curto prazo; veja o que fazer para se preparar para a semana

O mês de agosto trouxe fôlego renovado ao mercado do boi gordo no Brasil, com a arroba retomando os R$ 320 em praças como Mato Grosso do Sul e consolidando um cenário de valorização em diversos estados. A recuperação vem após semanas de negociações firmes, sustentadas pelo bom desempenho das exportações e por uma oferta ainda ajustada de animais terminados. Mas a grande questão que ronda o setor pecuário é: o movimento de alta terá continuidade ou tende a se estabilizar nas próximas semanas?

De acordo com o analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, os frigoríficos aproveitaram o início de agosto para alongar suas escalas de abate, o que manteve as compras aquecidas e elevou os preços. Ele destaca, no entanto, que a tendência é de um perfil mais lateralizado na segunda quinzena do mês, ou seja, sem grandes movimentos para cima ou para baixo nos principais estados produtores.

Entre os destaques das cotações do boi gordo na primeira metade do mês, a arroba do boi alcançou:

  • São Paulo (Capital): R$ 315, avanço de 1,61% em relação à semana anterior
  • Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 320, valorização de 1,59%
  • Mato Grosso (Cuiabá): R$ 310, alta de 3,33%
  • Goiás (Goiânia): R$ 305, avanço de 3,39%
  • Minas Gerais (Uberaba): R$ 300, preço estável

No atacado, os cortes bovinos também mostraram firmeza. O quarto traseiro subiu para R$ 23,30/kg, enquanto o dianteiro foi negociado a R$ 18/kg.

Exportações sustentam preços do boi gordo

Se no mercado interno o consumo de carne bovina sofre com a concorrência das proteínas mais baratas, como o frango, o mercado externo é o grande responsável por dar sustentação à arroba. Apenas nos primeiros seis dias úteis de agosto, o Brasil embarcou 80,4 mil toneladas de carne bovina, gerando uma receita de US$ 447 milhões. O desempenho representa alta de 70% na média diária de faturamento em relação a agosto de 2024.

Consultorias como a Agrifatto reforçam que a valorização recente também está ligada à oferta curta de animais prontos para abate, especialmente fêmeas. Além disso, mesmo diante das tarifas impostas pelos EUA, as exportações seguem renovando recordes, garantindo giro para a produção nacional.

Mercado dividido por regiões

Apesar do otimismo em algumas praças, o mercado não é uniforme. Segundo análises, estados do Centro-Norte, como Pará, Rondônia, Acre, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, registram negócios acima da média, mostrando resiliência na alta. Já em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, predominam tentativas de compra em patamares mais baixos, ainda que sem forte pressão para queda.

E agora, o que esperar?

O consenso entre analistas é que o movimento de valorização perdeu fôlego e tende a dar lugar à estabilidade. A segunda metade de agosto costuma ser marcada por menor apelo ao consumo interno, o que limita reajustes mais agressivos. Ainda assim, as exportações firmes podem manter o mercado em equilíbrio, evitando quedas bruscas.

“A arroba atingiu os R$ 320, mas o curto prazo sinaliza para preços mais estáveis, com leve viés de alta apenas em regiões de oferta mais restrita”, resumem especialistas.

O boi gordo entrou em agosto em trajetória de recuperação, mas o mercado agora caminha para uma fase de consolidação. Com exportações em patamares recordes e consumo interno ainda pressionado, a tendência é de manutenção dos atuais preços, com oscilações pontuais conforme a oferta regional. O grande fator de sustentação segue sendo o apetite internacional pela carne bovina brasileira, que deve continuar determinando o rumo das cotações nos próximos meses.

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