
Consumo aquecido, salários na economia e exportações firmes reforçam cenário positivo; mercado físico do boi gordo reage com alta em São Paulo e valorização no atacado
O mercado do boi gordo iniciou outubro com sinais claros de recuperação, alimentando as expectativas de que a arroba possa alcançar recordes de preço nas próximas semanas. Depois de meses de oscilações e acomodação, a combinação entre maior demanda interna, exportações aquecidas e oferta mais controlada começa a mudar o humor dos pecuaristas e frigoríficos.
De acordo com consultorias como Safras & Mercado, Scot Consultoria e Agrifatto, o cenário é de ajuste positivo nas cotações, especialmente com o pagamento dos salários, que tradicionalmente impulsiona o consumo e a reposição ao longo da cadeia.
Mercado físico do boi gordo
Em São Paulo, referência nacional para as negociações, a arroba do boi gordo voltou a subir, alcançando R$ 303/@ no prazo (valor bruto), segundo levantamento da Scot Consultoria. A novilha gorda também registrou alta, cotada a R$ 292/@, enquanto a vaca gorda manteve-se em R$ 280/@ e o “boi-China” em R$ 307/@.
Analistas observam que a retração dos pecuaristas nas vendas e a menor folga na oferta estão criando espaço para melhores pagamentos pela arroba. Em Mato Grosso, por exemplo, as pastagens em recuperação devem reduzir a pressão de oferta, fortalecendo ainda mais o movimento de alta.
Em Mato Grosso do Sul, a arroba do boi gordo se destaca como uma das mais valorizadas do país, com negociações pontuais alcançando R$ 320/@, segundo consultorias do setor. O movimento, embora ainda restrito a operações específicas, reflete a menor oferta de animais terminados e a demanda aquecida das indústrias locais, que buscam garantir suas escalas de abate em um cenário de consumo fortalecido e exportações firmes.
Nos demais estados, o comportamento é de estabilidade com viés positivo:
- Goiás: R$ 290,00/@
- Minas Gerais: R$ 289,41/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 320,00/@
- Mato Grosso: R$ 293,38/@
Atacado em forte alta: consumo reage e puxa preços
O mercado atacadista também apresenta movimento firme de valorização, impulsionado pelo consumo doméstico aquecido. Segundo Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, “o ambiente de negócios sugere continuidade da alta no curto prazo, com a entrada dos salários motivando reposição ao longo da cadeia produtiva”.
Os cortes bovinos tiveram reajustes expressivos:
- Quarto traseiro: R$ 25,00/kg (+R$ 2,00)
- Quarto dianteiro: R$ 17,50/kg (+R$ 0,50)
- Ponta de agulha: R$ 16,50/kg (estável)
Esse movimento reforça a visão de que o último trimestre é historicamente o mais favorável para a pecuária, com aumento do consumo e da renda.
Exportações e mercado futuro sustentam otimismo
As exportações brasileiras de carne bovina in natura permanecem em níveis recordes, segundo a Agrifatto, ajudando a equilibrar a oferta interna e sustentar os preços físicos. Já na B3, o contrato de dezembro/25 encerrou o último pregão cotado a R$ 324,45/@, alta de 0,43%, sinalizando confiança no mercado futuro.
O analista da Agrifatto destaca que, se o ritmo das exportações se mantiver aliado à melhora do consumo interno, o preço de R$ 320/@ pode ser superado ainda em outubro, configurando nova máxima do ano.
Câmbio favorável e cenário macroeconômico
O dólar encerrou a última sessão a R$ 5,32, com queda de 0,30%, movimento que favorece importações de insumos e mantém competitividade das exportações. O equilíbrio cambial, somado ao fluxo positivo de exportações, reforça o otimismo entre agentes do mercado.
Perspectivas: o que esperar das próximas semanas
Com chuvas retornando e pastagens se recuperando, a tendência é de que a oferta de boiadas diminua, especialmente nas regiões centrais do país. Isso deve ampliar a margem de negociação dos produtores e manter a arroba em trajetória ascendente.
A expectativa é que, até o final de outubro, os preços do boi gordo possam testar os R$ 320/@, apoiados por:
- Demanda interna firme e sazonal;
- Exportações robustas, principalmente para China e Oriente Médio;
- Menor oferta de animais terminados;
- Confiança do mercado futuro.
O mercado do boi gordo vive um momento de virada, com sinais claros de retomada da valorização. Se o consumo seguir firme e as exportações continuarem em ritmo acelerado, a arroba poderá atingir patamares históricos, consolidando o quarto trimestre como um dos melhores momentos de 2025 para o pecuarista.
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