
Sustentado pela forte demanda externa e recuperação do consumo interno, o mercado físico do boi gordo registra negócios acima da média em diversos estados; frigoríficos menores enfrentam escalas apertadas e mantêm postura agressiva nas compras.
O mercado físico do boi gordo iniciou a semana com valorização consistente em várias regiões do país, sustentado pelo desempenho histórico das exportações brasileiras e pela recuperação gradual da demanda interna. Em diversas praças pecuárias, os preços superaram as referências médias, indicando um movimento de firmeza no curto prazo e alimentando expectativas de continuidade da alta nas próximas semanas.
Segundo levantamento da Safras & Mercado, frigoríficos de menor porte enfrentam escalas de abate apertadas e adotam postura mais agressiva na compra de animais, enquanto grandes indústrias mantêm escalas confortáveis, abastecidas por animais de confinamento próprio ou parcerias contratuais.
Já a Agrifatto aponta que 6 das 17 praças acompanhadas apresentaram valorização da arroba, incluindo São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, refletindo a melhoria da demanda doméstica e a explosão dos embarques internacionais.
Exportações em alta recorde impulsionam o mercado
Os embarques brasileiros de carne bovina alcançaram em setembro um recorde mensal histórico, com mais de 300 mil toneladas exportadas, conforme dados da Agrifatto. Esse desempenho reforça o papel do comércio exterior como principal pilar de sustentação dos preços neste momento.
Além disso, o cenário cambial também favorece a competitividade das exportações: o dólar comercial encerrou a terça-feira (7) cotado a R$ 5,35, em alta de 0,75%, ampliando a receita dos exportadores e mantendo o interesse dos frigoríficos nas negociações voltadas ao mercado externo.
Recuperação do mercado interno
No mercado doméstico, há sinais de retomada no consumo de carne bovina, especialmente com a entrada dos salários, adiantamentos do 13º e contratações temporárias típicas do último trimestre do ano. A Agrifatto relatou crescimento expressivo nas vendas em supermercados e açougues no início de outubro, com picos registrados no final de semana.
O mercado atacadista também mostra reação positiva, com elevação dos preços e tendência de continuidade no curto prazo. De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, o movimento é sazonal e deve se intensificar com a aproximação das festas de fim de ano.
Cotações do atacado:
- Quarto traseiro: R$ 25,00
- Quarto dianteiro: R$ 17,70 (alta de R$ 0,20)
- Ponta de agulha: R$ 16,50
Preços do boi gordo nas principais praças
Os valores médios da arroba (à prazo) registrados no dia 7 de outubro foram:
Estado | Preço Médio (R$/@) |
---|---|
São Paulo | R$ 310,08 |
Goiás | R$ 294,11 |
Minas Gerais | R$ 292,94 |
Mato Grosso do Sul | R$ 320,68 |
Mato Grosso | R$ 292,88 |
Segundo a Scot Consultoria, o boi-China registrou alta de R$ 3/@, sendo negociado a R$ 310/@, enquanto o boi comum avançou R$ 2/@, para R$ 305/@ (valores brutos, no prazo).
Perspectivas
Com o mercado externo aquecido e consumo interno em recuperação, os analistas preveem continuidade da firmeza no curto prazo. A oferta limitada de animais prontos para abate nas praças do Centro-Sul e a manutenção da demanda chinesa reforçam a tendência de estabilidade com viés de alta.
Para os próximos dias, o setor acompanha os movimentos de compra da indústria e os ajustes cambiais, que podem definir o ritmo das negociações até o fim de outubro.
De forma resumida, o boi gordo mantém trajetória de alta apoiado em exportações recordes, retomada do consumo doméstico e oferta controlada. Em São Paulo, a arroba chega a R$ 310, com o boi-China sendo negociado acima desse patamar. O cenário reforça o otimismo entre os pecuaristas e sinaliza bons preços até o final do ano.
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