Mesmo com pressão dos frigoríficos e incertezas com a China, mercado do boi gordo segue sustentado pela baixa oferta e exportações firmes; veja as cotações pelo Brasil
O mercado físico do boi gordo voltou a registrar preços acima de R$ 330 por arroba em algumas praças, impulsionado por uma combinação de oferta restrita, exportações aquecidas e expectativa de aumento do consumo interno com a chegada das festas de fim de ano. Apesar disso, analistas se mantêm cautelosos e evitam cravar tendências para os próximos dias.
Oferta curta e demanda sustentada seguram os preços
Segundo a consultoria Agrifatto, mesmo com a pressão baixista por parte dos frigoríficos, o mercado se mantém firme. A sustentação vem principalmente da baixa disponibilidade de bois gordos prontos para o abate, somada ao bom ritmo de exportações de carne bovina in natura, o que tem impedido recuos mais acentuados nas cotações.
As escalas de abate permanecem apertadas, com média de sete dias úteis nas principais plantas frigoríficas. Em algumas regiões, parte das indústrias segue fora das compras, o que contribui para a baixa liquidez nos negócios.
Negociações pontuais no mercado do boi gordo ultrapassam os R$ 330/@
Nas praças de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso, foram registrados negócios pontuais acima da média, refletindo a disputa por lotes prontos e a dificuldade de originar animais terminados. Já em São Paulo, a cotação da arroba para o boi padrão-exportação variou entre R$ 323,00 e R$ 324,58, segundo diferentes levantamentos da Datagro e Safras&Mercado.
No Mato Grosso do Sul, o preço médio do boi gordo chegou a R$ 327,50, configurando uma das maiores cotações do país na semana. Em outras regiões:
- Goiás: R$ 320,54 a R$ 317,29
- Minas Gerais: R$ 315,29 a R$ 308,75
- Mato Grosso: R$ 308,31 a R$ 307,03
- Bahia: R$ 312,72 (maior alta do dia, +1,19%)
Mercado futuro e exportações: cautela e expectativa
Na B3, o contrato com vencimento em dezembro fechou em R$ 322,15/@, leve alta de 0,31%. Já o vencimento de novembro recuou 0,19%, cotado a R$ 318,40/@. A oscilação mostra o compasso de espera do mercado diante das incertezas externas.
Durante a exposição de importação da China, muitos compradores postergaram os negócios. O mercado chinês — que representa grande parte da demanda brasileira — vive um momento de espera por definições regulatórias. O governo chinês pode anunciar, no próximo dia 26, medidas de salvaguarda que incluem cotas e tarifas adicionais, o que deixa os exportadores em alerta.
Apesar dos rumores sobre restrições à carne brasileira com Fluazuron, não houve até o momento confirmação oficial por parte das autoridades chinesas.
Atacado em acomodação, mas consumo deve crescer
No mercado atacadista, os preços ficaram estáveis nesta quarta-feira (12), mas há otimismo com o aumento da demanda interna nos próximos dias, puxado pelo pagamento do 13º salário e as confraternizações de fim de ano. Entre os cortes, destaque para:
- Quarto traseiro: R$ 25,00/kg
- Quarto dianteiro: R$ 18,75/kg
- Ponta de agulha: R$ 17,75/kg
Otimismo moderado no mercado do boi gordo
A tendência altista no físico tem animado os pecuaristas, mas os analistas evitam projeções firmes no curto prazo. A expectativa de manutenção da demanda externa, especialmente dos EUA em 2026 e 2027, reforça o cenário positivo no médio prazo.
Contudo, a pressão de custos, a volatilidade cambial (com o dólar fechando em R$ 5,29), e a instabilidade no comércio com a China mantêm o setor em compasso de alerta.
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