Boi gordo volta a superar R$ 305/@ e viés de alta aquece praças importantes; veja quais

Após semanas de pressão, mercado do boi gordo reage e cenário indica recuperação no segundo semestre, mesmo com impacto do tarifaço dos EUA

O mês de julho foi marcado por forte pressão baixista no mercado do boi gordo, influenciada pela boa oferta de animais para abate e pelas incertezas geradas com a imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre a carne bovina brasileira. No entanto, na reta final do mês, os preços voltaram a reagir, superando novamente a marca dos R$ 300/@ em São Paulo e trazendo expectativas positivas para agosto e para todo o segundo semestre.

Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, o mercado assimilou rapidamente o impacto inicial do tarifaço e se mostrou mais acomodado na última semana de julho. Agora, com a entrada da massa salarial e a demanda adicional pelo Dia dos Pais, a tendência é de novas altas, ainda que graduais em importantes praças pecuárias.

Praças que voltaram a ganhar força com viés de alta do boi gordo

No dia 31 de julho, a arroba do boi gordo à prazo era cotada em:

  • São Paulo (Capital): R$ 300, após queda de 3,23% em relação ao final de junho.
  • Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 305, retração de 1,61% no mês.
  • Minas Gerais (Uberaba): R$ 290, baixa de 3,33%.
  • Mato Grosso (Cuiabá): R$ 295, queda de 6,35%.
  • Goiás (Goiânia): R$ 285, recuo de 3,39%.
  • Rondônia (Vilhena): R$ 265, retração de 3,64%.

Apesar das perdas no acumulado do mês, o cenário de início de agosto já aponta viés de alta, especialmente em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás, praças com maior concentração de confinamento e exportação.

Oferta, confinamento e entressafra

O analista Hyberville Neto, da HN Agro, avalia que a pressão de baixa de julho foi amplificada pelo mercado, considerando que os EUA representam cerca de 12% das exportações brasileiras. Ele lembra que, mesmo com o impacto do tarifaço, as programações de abate começaram a encurtar e os preços no físico já se alinham novamente aos patamares do início de julho.

Para a segunda metade de 2025, o confinamento deve ganhar força. A relação de troca com o boi magro é a pior desde 2023, mas o poder de compra frente ao milho está no melhor nível desde 2017, tornando atrativa a engorda no cocho. Ainda assim, o susto provocado pelas tarifas pode ter limitado a entrada de parte dos animais, o que, paradoxalmente, favorece preços mais firmes.

Outro fator relevante é a chegada da entressafra, que reduz gradativamente a oferta de pasto e, consequentemente, o volume de animais prontos para abate. A tendência é que os abates de fêmeas, que se mantiveram altos na primeira metade do ano, percam relevância, abrindo espaço para valorização da arroba.

Exportações seguem firmes

Mesmo com a pressão externa, as exportações brasileiras de carne bovina continuam em ritmo acelerado. Em julho, o Brasil embarcou 243,9 mil toneladas, faturando US$ 1,35 bilhão, com alta de 56,5% na receita média diária frente a julho de 2024.

A China segue como principal destino, e a expectativa é de aumento de compras no segundo semestre, impulsionado pela preparação para o Ano Novo Lunar. Além disso, México e outros mercados emergentes vêm ampliando as importações, ajudando a compensar eventuais perdas no mercado norte-americano.

O que esperar para o segundo semestre no mercado do boi gordo

O consenso entre analistas é que há espaço para valorização da arroba ao longo do segundo semestre. A combinação de oferta mais ajustada, exportações firmes e dólar valorizado cria um ambiente positivo para o mercado, mesmo diante de uma economia interna mais lenta.

O desafio para o pecuarista será equilibrar a estratégia de venda: aproveitar as oportunidades de alta no mercado físico e, ao mesmo tempo, travar preços mínimos para garantir margens diante de possíveis oscilações.

Em resumo: o boi gordo inicia agosto com fôlego renovado, superando novamente os R$ 300/@ em praças estratégicas e sinalizando que o pior momento de julho já ficou para trás. Se a tendência se confirmar, a entressafra de 2025 poderá marcar um período de recuperação consistente para a pecuária brasileira.

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