Ação ocorre às vésperas do início do cumprimento da pena por tentativa de golpe; PF alegou risco à ordem pública após ato convocado por filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente na manhã deste sábado (22), em Brasília, em uma operação que mobilizou equipes da Polícia Federal (PF) e resultou em sua condução à Superintendência da corporação na capital federal. A medida, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi tomada após a PF avaliar que uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) poderia gerar riscos à ordem pública e à integridade de participantes e agentes de segurança.
Segundo os autos consultados pelas equipes de reportagem, trata-se de prisão preventiva, ou seja, não tem relação direta com o início da execução da pena de 27 anos e 3 meses de reclusão imposta pelo STF pela tentativa de golpe de Estado, uma vez que essa condenação ainda está em fase de recursos.
Bolsonaro é preso, veja como ocorreu a ação
Viaturas descaracterizadas chegaram ao condomínio de Bolsonaro, no Jardim Botânico, no início da manhã. O ex-presidente foi detido por volta das 6h, de acordo com relatos das equipes da PF. Testemunhas afirmaram que Bolsonaro reagiu com tranquilidade ao cumprimento do mandado.
Ele foi levado à sede da Polícia Federal, onde desembarcou às 6h35, segundo registros das equipes de imprensa presentes no local. Imagens indicam que o ex-presidente foi conduzido para uma sala de Estado, espaço reservado para autoridades, como já ocorreu com outros ex-presidentes — entre eles Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer — quando detidos anteriormente.
Pouco depois, Bolsonaro passou por exame de corpo de delito no Instituto Nacional de Criminalística e recebeu atendimento de agentes do Instituto Médico-Legal, que foram até a superintendência para evitar exposição pública.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não estava na residência no momento da prisão. A defesa do ex-presidente declarou que, até 6h40, ainda não havia sido oficialmente notificada da medida.
Por que a PF pediu a prisão preventiva do ex-presidente Bolsonaro
De acordo com informações apuradas nos três documentos, a PF fundamentou o pedido ao STF apontando risco à ordem pública, especialmente após a convocação de uma vigília em frente ao condomínio de Bolsonaro feita pelo senador Flávio Bolsonaro. A mobilização estava prevista para a noite de sexta-feira (21), e a corporação avaliou que a presença de apoiadores poderia gerar tensão, confrontos e dificuldades operacionais às autoridades.
A decisão não tem vínculo direto com a condenação criminal por tentativa de golpe de Estado — que segue pendente de recursos —, mas sim com uma medida cautelar destinada a evitar novos episódios de instabilidade, segundo fontes da PF citadas nos documentos.
Situação jurídica atual
O ex-presidente foi condenado em setembro pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão, por crimes como tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada e dano ao patrimônio público. Apesar da condenação, ele ainda não iniciou o cumprimento da pena, já que o processo segue em fase recursal.
Enquanto isso, Bolsonaro já estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto, decisão tomada pelo ministro Alexandre de Moraes após o ex-presidente descumprir medidas cautelares — entre elas, o uso de redes sociais por meio de perfis de aliados e familiares, com conteúdos considerados ofensivos ao STF.
Na sexta-feira (21), a defesa de Bolsonaro havia solicitado que, caso a execução da pena se iniciasse, ele pudesse cumpri-la em prisão domiciliar humanitária, alegando quadro clínico debilitado e existência de comorbidades que representariam risco à sua integridade em um presídio comum.
Cenário político e reações
A prisão de Bolsonaro repercutiu imediatamente em Brasília e entre lideranças políticas. Dentro do próprio contexto da operação, a PF destacou que o episódio é parte das ações relacionadas à preservação da ordem pública e ao cumprimento das determinações judiciais em um momento considerado sensível devido à proximidade do início da execução da pena.
Nos próximos dias, são esperadas manifestações oficiais da defesa, bem como novos desdobramentos judiciais, já que a decisão embasa-se em elementos recentes e fora do processo criminal principal — o que deve abrir novas frentes de contestação no STF.
Bolsonaro é preso, quais os próximos passos
Bolsonaro permanecerá em sala de Estado na Superintendência da PF enquanto ocorrem as análises de sua defesa e eventuais manifestações do STF. A prisão preventiva poderá ser reavaliada pelo ministro Alexandre de Moraes a qualquer momento, dependendo das justificativas apresentadas pela defesa e de novos elementos trazidos pela investigação.
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