Bolsonaro volta ao país nesta quinta com missão de liderar oposição a Lula

Bolsonaro retorna ao Brasil com missão de liderar oposição a Lula, ex-presidente encerra “autoexílio” de três meses para organizar tropa contra o governo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve retornar ao Brasil nesta quinta-feira (30), exatos três meses depois de embarcar rumo aos Estados Unidos, no fim de seu mandato, para evitar passar a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para analistas políticos, o retorno deve marcar um novo momento para a oposição e um teste importante para o governo de Lula em um momento desafiador para sua gestão.

Apesar da derrota nas últimas eleições para o Palácio do Planalto, Bolsonaro segue visto como protagonista no processo político nacional e, da capital federal, poderá ter melhores condições de organizar ações e narrativas contra a atual administração, a despeito do noticiário recente desfavorável.

Na chegada de Bolsonaro ao aeroporto internacional de Brasília, prevista para as 7h10, apoiadores organizam um grande ato de recepção, em uma tentativa de demonstração de força. Empresas especializadas no monitoramento de grupos abertos de WhatsApp identificaram aumento no número de mensagens de convocação para o evento e no engajamento.

Da recepção no aeroporto, Bolsonaro seguirá para a sede do partido, distante quatro quilômetros do Palácio do Planalto, onde uma sala estará reservada para parlamentares e apoiadores que quiserem cumprimentá-lo.

O PL informou, nesta quarta-feira (29), que não está preparando nenhum ato público como evento ou recepção para o ex-presidente. Mas nas redes sociais bolsonaristas estão sendo convocados para ir ao aeroporto prestigiá-lo e há os que pretendem fazer uma motociata.

No partido, o presidente Valdemar Costa Neto, já confirmou que Bolsonaro será aclamado presidente de honra da sigla, com salário de R$ 41,6 mil a partir de abril – o equivalente ao teto do serviço público, recebido por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro já foi empossada, na semana passada, como presidente do braço interno do PL voltado às mulheres.

O partido mira as eleições municipais de 2024, com a intenção de repetir o bom desempenho do pleito do ano passado, quando elegeu as maiores bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, além de ter batido na trave na disputa presidencial, com uma derrota por apenas 2,13 milhões de votos, no pleito mais acirrado da Nova República.

“O PL quer ter Bolsonaro como a grande figura, o grande líder do partido. Não por acaso, ele vai ser o presidente de honra da legenda. Deve ser alguém com uma atuação importante na tentativa do partido de eleger um bom número de prefeitos e vereadores nas eleições municipais de 2024”, observa Carlos Eduardo Borenstein, analista político da consultoria Arko Advice.

Segundo Valdemar Costa Neto, o partido tem como meta sair dos pouco mais de 300 prefeitos que tem hoje para mais de 1.000 nas próximas eleições.

Para o especialista, o retorno do ex-presidente deve reforçar a polarização com o lulismo, que chegou ao ápice nas eleições de 2022, e pode tornar a oposição ao atual governo mais ativa. “Teremos que observar se isso não vai gerar algum tipo de mobilização da direita socialmente enraizada. Eles podem ter algum tipo de incentivo a partir da atuação de Bolsonaro para eventualmente saírem às ruas”, pontua.

Em relatório a clientes, os analistas da consultoria Eurasia Group observam que a volta de Bolsonaro ao Brasil ocorre em um momento ruim para Lula. Mas ressaltam não esperar um aumento de risco de crises para o governo a partir do evento.

“A presença de Bolsonaro no Brasil não aumenta o risco de uma crise. O impacto será significativo apenas se as coisas começarem a azedar para Lula”, observam os especialistas da Eurasia.

“Ainda assim, será um importante teste para Lula, que precisará administrar a implementação de uma regra fiscal em um ambiente político mais carregado − aumentando ligeiramente o risco de má gestão”, complementam.

Os especialistas destacam que a decisão de Bolsonaro retornar ao Brasil ocorre em meio à pressão de aliados por um papel mais proeminente na direita, enquanto outras figuras tentam ocupar espaços deixados por ele durante o “autoexílio” e com o avanço de investigações.

No meio político, há uma avaliação de que Bolsonaro já não conta mais com o mesmo capital político de quando obteve 58.206.354 votos − o equivalente a 49,10% dos votos válidos na disputa em segundo turno, realizada em 30 de outubro de 2022.

“Bolsonaro tem um capital político que deve variar de 20% a 25%, mas há dois eventos acabaram provocando desgaste: o 8 de Janeiro e o episódio das joias”, pontua Borenstein. Para ele, o segundo é ainda mais negativo à imagem do ex-presidente, pela facilidade de compreensão por parte do eleitor.

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