Adaptada ao calor, eficiente no pasto e base de grandes cruzamentos, a raça Brahman se consolidou como um dos pilares da produção de carne bovina americana tornando-se referência mundial no cruzamento industrial
A raça Brahman é um dos grandes ícones da pecuária mundial — e nos Estados Unidos ela ocupa posição de destaque como base genética da pecuária de corte. De origem zebuína, descendente de raças indianas como Nelore, Gir e Guzerá, o Brahman foi introduzido no país no início do século XX e rapidamente mostrou seu valor nas regiões de clima quente e úmido, onde as raças europeias tinham dificuldades de adaptação.
Nos estados do sul americano — Texas, Louisiana, Flórida, Alabama e Mississipi — o calor intenso, a alta umidade e a presença de parasitas sempre desafiaram os pecuaristas. Foi ali que a raça se consolidou como sinônimo de resistência, produtividade e eficiência a pasto. A raça demonstrou uma tolerância natural ao calor, além de resistência a carrapatos, moscas e doenças tropicais, garantindo desempenho consistente mesmo em condições adversas.

No sul, o estado do Texas se destaca como o maior polo de criação da raça Brahman. O clima quente e as vastas áreas de pastagens formam o ambiente ideal para o desenvolvimento da raça, que se adaptou perfeitamente às condições locais. Inclusive o estado possui sua associação filial da raça, a Texas Brahman Association (TBA).

Com uma pecuária fortemente voltada para a produção de carne de qualidade, os criatórios texanos têm papel central na difusão genética do Brahman em todo o território norte-americano, sendo referência mundial em seleção e melhoramento da raça.
Outro diferencial importante é a longevidade e fertilidade. As fêmeas apresentam excelente habilidade materna e podem produzir bezerros de qualidade por muitos anos, enquanto os machos se destacam pela eficiência alimentar e capacidade de ganho de peso em sistemas extensivos. Esse conjunto de características reduziu custos de produção e aumentou a rentabilidade, tornando a raça uma escolha estratégica para quem busca sustentabilidade e produtividade na pecuária.
Mas o papel do Brahman vai além de suas qualidades individuais: ele é a base dos principais cruzamentos industriais dos Estados Unidos. Foi a partir dele que surgiram raças compostas de grande sucesso, como o Brangus (Brahman + Angus), o Braford (Brahman + Hereford) e o Beefmaster (Brahman + Hereford + Shorthorn). Essas combinações unem a qualidade de carne e precocidade das taurinas à resistência e rusticidade do zebu, criando animais altamente produtivos e adaptáveis.

O desenvolvimento e a padronização da raça Brahman nos EUA contaram com o trabalho da American Brahman Breeders Association (ABBA), fundada em 1924. Desde então, a associação tem sido responsável por promover o melhoramento genético, controle de registro, padronização racial e avanço tecnológico na seleção dos rebanhos. Graças a essa organização e à seriedade dos criadores, o Brahman norte-americano tornou-se referência internacional, com exportações de sêmen, embriões e genética para países da América Latina, Ásia e Oceania. 
A força na América do Sul
Além do sucesso nos Estados Unidos, o Brahman é também uma das raças de maior importância em diversos países da América do Sul, especialmente nas suas versões Branca (White Brahman) e Vermelha (Red Brahman). Adaptado perfeitamente aos trópicos, o zebu americano encontrou solo fértil em Colômbia, Paraguai, Bolívia, Venezuela e Peru, onde sua genética é amplamente utilizada tanto em rebanhos puros quanto em programas de cruzamento industrial.

Essas duas variedades, com diferenças de pelagem mas o mesmo padrão racial, são reconhecidas pela alta rusticidade, excelente ganho de peso e qualidade de carcaça, além de impressionarem pela beleza e imponência em pista. Em países de clima tropical e subtropical, a raça é considerada a espinha dorsal da pecuária moderna, contribuindo diretamente para o avanço da produtividade e para a valorização da carne zebuína no mercado global. 
Qual a importância da raça no Brasil?
No território brasileiro, o Brahman também tem presença significativa, sendo valorizado principalmente por criadores que buscam cruzamentos com maior rendimento de carcaça e melhor acabamento de gordura. A raça se destacou em programas de melhoramento e em pistas de julgamento, reforçando seu potencial zootécnico e sua contribuição para a genética nacional.
Contudo, devido à força histórica e à ampla adaptação do Nelore — responsável por mais de 80% do rebanho de corte brasileiro —, o Brahman ocupa uma posição de complemento genético estratégico, e não de liderança. Mesmo assim, sua influência é inegável: o sangue Brahman está presente em diversos programas de cruzamento que visam unir precocidade, rusticidade e qualidade de carne, fortalecendo ainda mais a pecuária tropical brasileira.
Hoje, o Brahman é muito mais do que uma raça adaptada ao calor — ele é um símbolo da evolução genética e do potencial da pecuária tropical moderna. Nos Estados Unidos, na América do Sul e no Brasil, sua presença é essencial para a eficiência produtiva, e no mundo, representa a convergência entre tradição, ciência e rentabilidade.
Em um cenário global cada vez mais voltado à sustentabilidade e ao uso racional dos recursos, o Brahman mostra que a genética zebuína é peça-chave para o futuro da pecuária de corte, tanto nas Américas quanto em todos os continentes onde o calor e o desafio ambiental pedem animais fortes, eficientes e lucrativos.
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