Brasil deveria receber do mundo por serviços ambientais

Biodiversidade e potencial de intensificação são oportunidades para melhorar balanço de gás do efeito estufa e índices de sustentabilidade.

O presidente do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), Caio Penido, participou da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26) realizada em Glasgow, na Escócia. O evento reuniu mais de 25 mil lideranças políticas, econômicas e atividades de todo o mundo para discutir, entre outros assuntos, novas metas e compromissos para redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Junto à comitiva liderada pelo governo do Estado de Mato Grosso, o Imac pode apresentar para investidores, parceiros e outros países, os programas e iniciativas da entidade para promover a produção sustentável de carne. Para Caio Penido, o grande desafio é mostrar tudo o que já vem sendo produzido em conformidade com a legislação e com as demandas mundiais. “É preciso fazer justiça a países como o Brasil, que possui um enorme ativo ambiental e que também tem uma agropecuária pujante e potencialmente carbono eficiente. O Brasil tem muitas oportunidades, enquanto alguns países precisarão reduzir rebanho, nós precisaremos reduzir a idade de abate e intensificar pastagens. O que é possível, viável e urgente”.

De acordo com o presidente, o Imac tem uma agenda propositiva e positiva a apresentar, com projetos que atuam no apoio à regularização ambiental dos produtores, na ampliação da rastreabilidade dos diretos pelas indústrias frigoríficas e no auxílio a implantação de tecnologias que vão permitir a intensificação com redução de emissões.

Na COP26, o Imac fez uma apresentação durante evento realizado pelo governo do Estado de Mato Grosso para apresentar o programa Carbono Neutro MT, que estabelece metas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, estimular o desenvolvimento de práticas sustentáveis e apoiar iniciativas e tecnologias de produção aliada à neutralização das emissões.

Na ocasião, o governador Mauro Mendes cobrou o que chamou de reciprocidade ambiental. “Essa reciprocidade, que já é exigida na área diplomática, precisa ser aplicada na área ambiental. Temos que exigir que os produtos vindos dos países ricos também sigam as mesmas normativas e os mesmos compromissos ambientais que exigem de nós, pois eles são grandes poluentes, usam muito os combustíveis fósseis, e também precisam colaborar”, afirmou Mendes.

Além do governador do Estado, integraram a comitiva o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso e presidente do conselho administrativo do Imac, César Miranda, a secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzarotti, o secretário de Estado de Fazenda, Rogério Gallo, o chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Max Russi, e o procurador da República, Erich Masson. O Ministério Público Federal (MPF) é um dos parceiros do Imac no programa de regularização fundiária e reinserção no mercado formal da carne de pecuaristas que possuem passivos ambientais.

Tecnologias – O Brasil se comprometeu em reduzir as emissões de gases de efeitos estufa, entre eles o metano. Como grande parte da energia consumida no país vem de fontes renováveis, o rebanho bovino é apontado como um dos principais emissores de metano.

Caio Penido defende o investimento em tecnologias que melhoram os índices produtivos, geram mais renda aos produtores e ainda reduzem as emissões. “O PSA deverá remunerar os custos que a conservação exige dentro das propriedades e o excedente pode ser aplicados em iniciativas como a redução da idade de abate e a recuperação de pastagens degradadas; melhorando assim o balanço de emissões por arroba produzida.”, exemplificou o presidente do Imac.

Penido defende que os serviços ambientais serão uma espécie de commodity que poderá conciliar a produção agropecuária com a conservação da biodiversidade.

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