Brasil envia quase 22.000 bovinos em retomada da exportação de gado vivo para o gigante turco

Após ausência em junho, Turquia volta ao mercado e reforça papel estratégico na exportação de gado vivo; país turco embarcou quase 22.000 cabeças em operação com Brasil

A exportação de gado vivo brasileiro ganhou novo fôlego em julho com o retorno da Turquia como compradora, após um mês de ausência que impactou o setor. O país embarcou 21,9 mil cabeças, o que representou 24,4% de todo o volume exportado no mês, consolidando-se novamente como um dos principais destinos da pecuária nacional.

No acumulado de 2025, o Brasil já exportou 487,6 mil bovinos vivos no primeiro semestre, crescimento de 47,1% frente a 2024, mesmo com a ausência da Turquia em junho. Segundo a Scot Consultoria, essa lacuna reduziu o faturamento e deixou o desempenho de junho como o segundo pior do ano, superando apenas abril. A saída temporária do mercado turco abriu espaço para o Iraque, que assumiu a liderança das importações no semestre.

Perfil dos animais embarcados

De acordo com dados da Secex compilados pela Scot Consultoria, a maior parte dos animais exportados em julho estava na faixa de 300 a 425 kg, totalizando 49 mil cabeças. Nesse grupo, o Iraque foi o maior comprador (24,6 mil cabeças), seguido de Marrocos (15,5 mil), Líbano (4,9 mil) e Jordânia (3,8 mil). Já a Turquia concentrou sua demanda em bovinos mais leves, abaixo de 300 kg, sendo responsável exclusiva pela aquisição de 21,9 mil animais nessa categoria.

Tabela – Exportação de gado vivo em julho de 2025 por destino e faixa de peso

Faixa de peso (kg)EgitoIraqueJordâniaLíbanoMarrocosNigériaTurquiaTotal
< 30021.88121.881
300 – 42524.6313.7904.90115.54716349.032
> 42518.62318.623
Total18.62324.6313.7904.90115.54716321.88189.536
Fonte: Secex / Scot Consultoria

Impactos regionais

O Rio Grande do Sul foi o principal estado exportador para a Turquia em julho, com todos os embarques destinados ao país euro-asiático. Já o Pará liderou no volume geral do mês, com 56,4 mil cabeças exportadas, enquanto São Paulo registrou embarque pontual de 163 bovinos reprodutores para a Nigéria.

Segundo analistas da Scot, “a volta da Turquia ao mercado mostra a relevância do país como comprador de gado brasileiro, sobretudo para animais mais jovens e de menor peso, destinados ao engorde no destino final”.

Embora o volume seja expressivo, fatores como câmbio, peso médio dos animais e preço por quilo embarcado têm impacto direto no faturamento. Em junho, por exemplo, o dólar mais baixo (R$ 5,54 contra R$ 5,76 em fevereiro) e os animais mais leves embarcados reduziram a receita das exportações, mesmo com volumes semelhantes.

Exportação de gado vivo: Perspectivas para 2025

Caso o ritmo seja mantido, o Brasil poderá alcançar novamente a marca de 1 milhão de cabeças exportadas, resultado obtido em 2024. A Scot Consultoria pondera que o desempenho dependerá do apetite dos países árabes, da manutenção da demanda turca e da logística brasileira para atender a esses mercados. “O desempenho do primeiro semestre mostra a firmeza das exportações de gado vivo, mesmo diante da ausência temporária de um parceiro estratégico”, destacou a consultoria.

A retomada das compras pela Turquia fortalece o papel do Brasil como fornecedor global de bovinos vivos e evidencia a importância da diversificação de mercados. O desafio, agora, é manter competitividade frente a câmbio e custos logísticos, ao mesmo tempo em que se garante a regularidade das exportações para diferentes destinos.

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