Brasil irá ganhar novo terminal ‘dedicado ao agro’ de R$ 2,5 bilhões

Rumo assinou acordo para construção de novo terminal no Porto de Santos; investimento da companhia será na ordem de R$ 2,5 bilhões

A Rumo Logística, administradora de milhares de quilômetros de malha ferroviária no Brasil, anunciou na última segunda-feira (25) um acordo com o DP World Group (DP) para construção de um novo terminal para movimentação de grãos e fertilizantes no Porto de Santos. O acordo estabelece 30 anos de operação, durante os quais a DP operará o terminal. As informações foram compartilhadas pelo jornalista Felipe Moreira do InfoMoney.

Segundo comunicado, o novo terminal terá capacidade anual para movimentar até 12,5 milhões de toneladas (9 milhões de toneladas de grãos e 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes). O projeto tem investimento estimado em R$ 2,5 bilhões, que deverá ser financiado por meio de empréstimos e potenciais parcerias estratégicas.

O Bradesco BBI avalia a transação como positiva para a Rumo, pois espera que este novo terminal garanta a capacidade portuária necessária para a Fase 2 do projeto Lucas do Rio Verde. A fase de construção pode durar 30 meses, o que significa que deverá retomar as operações até 2028.

Pelos termos do negócio anunciados, a Rumo será responsável por 100% dos R$ 2,5 bilhões em investimentos. Com base nas tarifas médias e margens informadas pela CLI Sul e Hidrovias Brasil Santos, o banco estima que a Rumo poderia atingir uma taxa interna de retorno (TIR) real desalavancada de 10%, adicionando R$ 487 milhões em valor presente líquido (VPL), ou R$ 0,30 por ação ordinária. O BBI disse não esperar que a Rumo levante capital para financiar este novo projeto.

O JPMorgan também classifica o anúncio como positivo, uma vez que o investimento necessário para execução do projeto deve provocar pressão limitada sobre a avalancagem financeira da companhia de logisitica.

Supondo que a Rumo investirá no novo terminal por conta própria, e os R$ 2,5 bilhões divididos em três anos a partir de 2025, a alavancagem ficaria em 2,3 vezes dívida líquida sobre Ebitda, incluindo também os investimentos de Lucas do Rio Verde (LRV). Ou seja, estaria em conformidade com a faixa que a empresa indicou como ideal de 2,0-2,5 vezes a dívida líquida/Ebitda durante o Dia do Investidor do ano passado. Portanto, analistas do JPMorgan que a alavancagem permanecerá sob controle, limitando a necessidade de uma oferta de capital próprio para financiar o projeto.

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Foto: Divulgação

Logística de grãos brasileiros

Se já não bastassem os problemas de abastecimento que a cadeia de produção de grãos tem enfrentado no Brasil, com a quebra das produtividades de milho e soja por conta das adversidades climáticas que acometeram as lavouras neste último ciclo, a comercialização dos produtos brasileiros encontra também dificuldades na logística de grãos, sistema que depende de frotas de caminhão para deslocamento interno e estrutura em embarcações para exportação.

Quinto maior país do planeta e de importância global no abastecimento de produtos agrícolas, o Brasil depende um quarto do seu PIB (Produto Interno Bruto) ao setor do agronegócio, que movimenta mais de um bilhão de toneladas em cargas anualmente, considerando produtos alimentícios, insumos, biocombustíveis, fertilizantes, defensivos e maquinários, segundo o ESALQ-LOG (Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial).

A extensão territorial e as grandes distâncias que separam as regiões produtoras representam dificuldades para a logística de grãos. Ainda que a produtividade nas lavouras venha se mantendo em boa performance, com as tecnologias inovadoras e o amplo conhecimento dos produtores em manejar os cultivos e superar desafios climáticos e ataques de pragas e doenças, o transporte rodoviário que domina a cadeia significa um gargalo para o agronegócio brasileiro.

Altos custos, atrasos nas frotas, infraestrutura das estradas e rodovias, dificuldade de manutenção dos caminhões e problemas no sistema de armazenamento dos produtos são algumas das lacunas percebidas na logística de grãos da maneira como é sistematizada atualmente. As condições de deslocamento não só diminuem a competitividade do agronegócio nacional, frente a outras cadeias produtivas mais dinâmicas, como também leva a perdas de produção, subtraindo do mercado as altas marcas conquistadas nas fazendas.

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