Brasil sabota seu maior ativo econômico com políticas internas e falhas contra crimes ambientais

“A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 não será a COP do povo ou da floresta”. Esse é um ponto de vista do secretário executivo do Consórcio Amazônia Legal, Marcello Brito. Ele enfatiza que os problemas nacionais são de responsabilidade do país e devem ser tratados no dia a dia, independentemente do evento. Por outro lado, Brito enxerga uma oportunidade para o Agro demonstrar seu potencial e combater narrativas fantasiosas, distinguindo a agricultura sustentável das práticas ilegais.

O verdadeiro foco da conferência não está na agricultura em si, mas nos sistemas alimentares, que englobam desde a produção de insumos até o consumo final. É nesse contexto que o agronegócio brasileiro precisa se posicionar, utilizando a COP para destacar suas inovações e conquistas, como as cadeias de liderança global em quase 20 setores.

Durante sua participação no ABMRA Ideia Café, promovido pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA), o secretário, que já presidiu a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e atualmente atua como diretor Acadêmico do Centro Agroambiental da Fundação Dom Cabral e conselheiro de diversas iniciativas e empresas, ressalta a necessidade de uma mudança na postura do setor, de reativa para proativa. Segundo ele, o caminho deve ser pavimentado pelo diálogo aberto com os críticos e pelas bases da ciência.

Barreiras internas

Um dos pontos críticos abordados por Marcello Brito foi o processo de implementação do Código Florestal Brasileiro, considerado o “melhor do mundo”, mas com menos de 3% de aplicação efetiva. Ele atribui o atraso, em parte, à judicialização por “ambientalistas radicais” no passado e à inação política.

Contrariando a narrativa de que a imagem do Agro brasileiro é negativa no exterior, Brito argumenta que, nos últimos 20 anos, o Brasil aumentou sistematicamente suas exportações, incluindo para a Europa, o mercado mais exigente.Os compradores internacionais conhecem e confiam nos sistemas de rastreabilidade brasileiros, apesar de nós mesmos sabotarmos nossas ações com políticas internas”, diz o secretário.

A verdadeira ameaça, em sua visão, é a imagem do país, manchada por práticas ilegais que ofuscam as conquistas do agronegócio. Para Brito, a falta de implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) impede que o setor transforme a proteção ambiental em ativo. Ele afirma ser fundamental que o Brasil resolva problemas como o desmatamento ilegal e a grilagem de terras.

Pontos fortes para reputação

Questionado sobre as iniciativas que o Agro deveria comunicar melhor, Marcello Brito destacou três exemplos baseados em ciência e dados concretos:

  • Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): inovação única no mundo, com benefícios agronômicos e de produtividade.
  • Sistemas Agroflorestais: permitem produção comercial e geração de créditos de carbono e, futuramente, de biodiversidade.
  • Agricultura Regenerativa: prática que inverte a curva de emissões, removendo mais carbono do que emite.

O secretário espera que a Conferência do Clima deixe um legado de reconstrução das relações entre o agronegócio e a sociedade, com um diálogo honesto e transparente. “Consenso, para mim, é burrice. Estou falando de consentimento,” finalizou, reforçando a necessidade de uma agenda proativa e coesa.

A COP30 deve contar com representantes de aproximadamente 196 países e será realizada em Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro de 2025.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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