Brasil sai do mapa da fome da ONU pela segunda vez e em tempo recorde

Em apenas dois anos, Brasil sai do mapa da fome da ONU pela segunda vez e país reduz insegurança alimentar para o menor nível da história, antecipando meta prevista para 2026; agricultura familiar e políticas sociais foram decisivas

Em um feito histórico, o Brasil derrotou a fome em tempo recorde e acaba de ser retirado do Mapa da Fome da ONU, menos de dois anos após viver um dos piores cenários de insegurança alimentar de sua história. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (28) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares, em Adis Abeba, Etiópia.

Os dados mostram que menos de 2,5% da população brasileira está em risco de subnutrição — marca que recoloca o país no seleto grupo de nações com baixo risco de fome. Mais impressionante ainda: essa meta estava prevista apenas para 2026, mas foi alcançada quatro anos antes.

“Não há soberania sem justiça alimentar e não há justiça social sem democracia”, destacou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.

Como o Brasil conseguiu virar o jogo

O resultado é fruto de uma combinação de políticas públicas e ações diretas no campo e nas cidades, com destaque para:

  • Plano Brasil Sem Fome — integrando o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Cozinha Solidária e o incremento da merenda escolar.
  • Apoio à agricultura familiar — crédito ampliado via Pronaf, assistência técnica e valorização da produção local.
  • Geração de emprego e renda — formalização recorde, estímulo ao empreendedorismo e aumento real do salário mínimo.
  • Valorização da alimentação saudável — incentivo à produção e distribuição de alimentos básicos, garantindo acesso às famílias de baixa renda.

De acordo com o IBGE, 24 milhões de brasileiros saíram da insegurança alimentar grave até o fim de 2023. A pobreza extrema caiu para 4,4% — menor índice já registrado — e o desemprego chegou a 6,6% em 2024, o menor desde 2012.

Agricultura familiar: a força do campo no combate à fome

Para o público rural, a notícia reforça o papel decisivo do campo na segurança alimentar. A agricultura familiar foi protagonista, garantindo a produção e o abastecimento de feiras, mercados e programas de compras públicas.

O Pronaf e o estímulo à produção de alimentos essenciais ajudaram a manter estoques, controlar preços e melhorar a renda no campo. Essas ações contribuíram para que a comida chegasse mais barata e fresca às mesas das famílias brasileiras.

Situação global e desafios que permanecem

Brasil sai do mapa da fome da ONU, mas apesar da conquista, 7 milhões de brasileiros ainda vivem em insegurança alimentar severa e 28,5 milhões enfrentam situação moderada ou grave. No cenário mundial, 673 milhões de pessoas seguem passando fome, principalmente em regiões da África e da Ásia.

A FAO alerta que crises econômicas, guerras e eventos climáticos extremos continuam sendo riscos importantes para a segurança alimentar.


Linha do tempo da fome no Brasil

  • 2014 — Brasil sai do Mapa da Fome pela primeira vez, após 11 anos de políticas consistentes.
  • 2018-2021 — Desmonte de programas sociais e crise econômica levam país de volta à lista da ONU.
  • 2022 — Cenário crítico de fome, agravado pelos reflexos da pandemia e inflação dos alimentos.
  • 2023 — Início do Plano Brasil Sem Fome.
  • 2025 — Meta de saída do Mapa da Fome atingida com dois anos de antecedência.

Reconhecimento internacional

O diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, ligou para Lula e parabenizou o Brasil, afirmando que o país oferece um exemplo ao mundo de como articulação política, ação social e apoio ao campo podem erradicar a fome.

Além disso, o Brasil lidera a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada no G20 em 2024, que já conta com mais de 100 países e busca erradicar a fome até 2030.


💬 Para lembrar: Sair do Mapa da Fome não significa que a fome acabou, mas que o país está em um patamar seguro para garantir acesso a alimentos suficientes para a grande maioria da população. A continuidade das políticas públicas e a valorização do campo serão decisivas para manter e ampliar essa conquista.

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