
Iniciativa consolida rede regional para garantir reservas de vacinas e antígenos contra a febre aftosa com Banco Regional de Antígenos de Febre Aftosa (BANVACO) fortalecendo a segurança sanitária e econômica do continente.
O Brasil acaba de dar um passo histórico rumo ao fortalecimento do programa “Brasil Livre de Febre Aftosa sem Vacinação”. Foi inaugurado oficialmente o Banco Regional de Antígenos de Febre Aftosa (BANVACO), uma estrutura estratégica voltada para assegurar respostas rápidas e eficazes em caso de eventual reintrodução da doença nas Américas.
A febre aftosa não atinge seres humanos, mas é uma das enfermidades animais mais contagiosas, afetando bovinos, búfalos, suínos, ovinos e caprinos. Sua ocorrência gera impactos econômicos devastadores, incluindo embargos comerciais, perda de mercados e redução da oferta de proteína animal.
Apesar de praticamente erradicada nas Américas, o risco de reintrodução persiste devido à globalização, ao intenso trânsito internacional e a surtos em outros continentes. Além disso, a ameaça de bioterrorismo também é considerada plausível por autoridades sanitárias. Nesse cenário, a criação do BANVACO garante uma reserva estratégica de antígenos de todos os sorotipos virais que podem oferecer risco à região.
Como o BANVACO funciona
Ao contrário do que se poderia imaginar, o BANVACO não é uma instalação física, mas sim uma rede organizada de laboratórios fornecedores, coordenada pelo Panaftosa/OPAS. Esses centros serão responsáveis por armazenar antígenos que, em caso de emergência, podem ser transformados rapidamente em vacinas, permitindo a contenção imediata de surtos e a preservação dos mercados internacionais.
A vacinação de emergência, alternativa ao abate sanitário em massa, é amplamente aceita pela sociedade por evitar desperdício de proteína animal e acelerar o processo de recuperação do status sanitário.
Governança e países integrantes
O BANVACO será gerido pelo Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária da Organização Pan-Americana da Saúde (PANAFTOSA-SPV/OPS/OMS), garantindo neutralidade, capacidade técnica e logística.

A Comissão Diretiva é formada pelo Brasil, Paraguai e Equador, representados por suas respectivas autoridades sanitárias — no caso brasileiro, pelo Departamento de Saúde Animal (DSA/MAPA). A adesão do Brasil fortalece ainda mais o projeto, que deve atrair em breve novos membros como Peru, Chile, Uruguai, Bolívia e Colômbia.
Expectativas para os próximos anos
Idealizado em 2012 e aprovado em 2019, o BANVACO levou mais de uma década para se consolidar. Agora, com a entrada do Brasil, a expectativa é de que até 2026 já haja antígenos armazenados e laboratórios habilitados para a produção imediata de vacinas em situações de emergência.
Segundo Jarbas Barbosa, diretor da OPAS, a iniciativa “representa um compromisso político e operacional dos países para fortalecer a preparação regional em saúde e segurança alimentar”, garantindo acesso rápido a vacinas e proteção à pecuária do continente.
Um pacto pela pecuária das Américas
Com 98% do rebanho bovino das Américas já livre da aftosa, o BANVACO é mais do que um avanço técnico. Ele simboliza um pacto coletivo pela proteção da saúde animal, pela estabilidade econômica e pela segurança alimentar do continente, assegurando que o sonho do “Brasil sem aftosa” esteja cada vez mais próximo da realidade.
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