Brasil tem 177 milhões de hectares preservados dentro das fazendas

Dado representa 48% do total de áreas que as propriedades rurais ocupam no País

O Brasil é gigante quando o assunto é preservação e sustentabilidade, além de ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Os números comprovam: são 177 milhões de hectares preservados dentro das propriedades rurais, o que representa 48% do total de áreas que as fazendas ocupam, ou 20,5% de todo o território do País.

Esse dado considera áreas preservadas exclusivamente nas propriedades privadas, inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). As conclusões são da analista de geoprocessamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Territorial Lucíola Alves Magalhães, autora do trabalho “A dimensão territorial da sustentabilidade da agricultura brasileira”. Ela lembra que a produção rural preserva mais a vegetação natural (20,5% do território) que todas as unidades de conservação oficiais (13%).

O total de áreas protegidas, como Unidades de Conservação (UCs) e Áreas de Proteção Permanente (APPs), representa outra parcela de 228,7 milhões de hectares, quase 30% do território nacional. Somadas, áreas preservadas (em propriedades privadas) e áreas protegidas somam 403 milhões de hectares, 47,4% do País.

Como comparação, Lucíola explica que toda essa extensão é igual a toda a área da União Europeia mais 3,6 vezes o tamanho da Noruega. Somente no Estado de São Paulo, são 3,7 milhões de hectares em áreas preservadas.

Lucíola destaca que 4,3 milhões de produtores rurais já aderiram aos mecanismos de proteção, como implantação de Áreas de Proteção Permanente (APPs) e reservas legais. Isso resultada em nada menos que 1,5 milhão de nascentes mapeadas e georreferenciadas, sobre as quais é possível, atualmente, realizar o acompanhamento remoto ou no local.

Lucíola destaca também a importância do programa “Plantadores de Rios”, que tem estimulado produtores rurais a reforçar ações na conservação do meio ambiente e, assim, preservar os recursos hídricos.

Entre os destaques apontados no estudo está a fragmentação das áreas de conservação, que é menor do que inicialmente projetado, com boa interconexão com sistemas hidrológicos e interligando diferentes biomas. “Esses dados comprovam que o Brasil tem muito cuidado com a preservação, que o País tem preocupação com o meio ambiente”, diz a analista da Embrapa.

Fabíola destaca que o Brasil tem apenas 16% das áreas cultivadas sob regime de irrigação, frente 40% da média mundial. Isso significa que há espaço para ampliar a agricultura irrigada em áreas que já são atualmente utilizadas, aumentando a eficiência dos recursos hídricos e a colheita.

Ela cita exemplos e ressalta que, em média, a irrigação aumenta a produtividade em 55% no caso do algodão e 189%, no café. A boa gestão do uso do solo e da água, afirma Fabíola, são fatores que permitem ao Brasil obter até três safras de uma mesma cultura por ano. “Nós conseguimos assegurar a produção e otimizar o uso da terra”, diz. “Se falamos em agricultura sustentável, a agricultura faz parte dela”, conclui.

Esses dados comprovam que o Brasil tem muito cuidado com a preservação

LUCÍOLA ALVES MAGALHÃES

A analista da Embrapa destaca a importância do estudo “Agricultura irrigada sustentável no Brasil: identificação de áreas prioritárias”, lançado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) nesta terça-feira (20), no âmbito das discussões do 8º Fórum Mundial da Água.

“É muito importante a identificação de áreas prioritárias para a irrigação”, afirma.

POR AYR ALISKI, DE BRASÍLIA (DF)

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