Brasil tem alta de mais de 300% nas exportações de leite e lácteos para China

Alta de mais de 300% nas exportações de leite e lácteos para China e a retração dos EUA impulsionam avanço brasileiro no mercado chinês no 1º trimestre de 2025, o que torna os asiáticos um dos maiores compradores de leite e lácteos do Brasil

O Brasil iniciou 2025 com um feito inédito no setor lácteo: a China se tornou o maior destino das exportações de leite e lácteos brasileiros, superando tradicionais compradores como países do Oriente Médio e da África. O avanço é resultado de uma combinação de fatores estruturais internos e oportunidades no cenário internacional.

De janeiro a março de 2025, o Brasil exportou 1,75 mil toneladas de lácteos para China e Hong Kong, o que representa 15,5% de tudo que foi exportado no segmento no período. O crescimento é expressivo: alta de 315,7% em volume e de 581,2% em receita na comparação com o mesmo trimestre de 2024, segundo dados compilados pela Rural Business com base nas estatísticas da SECEX/MAPA.

O valor movimentado nas exportações para o mercado chinês somou US$ 1,31 milhão, o equivalente a R$ 7,67 milhões, considerando o câmbio médio de R$ 5,857 no período. Os produtos mais embarcados foram leite em pó integral, soro de leite, manteiga, queijo e leite UHT.

Contexto das exportações brasileiras de leite

No total, o Brasil exportou cerca de 11,1 mil toneladas de leite e derivados no 1º bimestre de 2025, o que representa mais de 10 milhões de litros em equivalente-leite. Os dados da plataforma COMEXSTAT, compilados pelo MilkPoint, indicam crescimento contínuo: em janeiro, foram embarcadas 4,9 mil toneladas, e em fevereiro, 6,2 mil toneladas, com alta de 27,5% entre os meses.

A receita total do trimestre com exportações lácteas gira em torno de US$ 72 milhões, o que reforça a importância da demanda externa para o equilíbrio do mercado interno.

Fatores que impulsionaram a presença brasileira na China

  • Retração dos EUA: A guerra comercial entre Estados Unidos e China resultou na imposição de tarifas entre 25% e 45% sobre os lácteos norte-americanos, reduzindo drasticamente sua competitividade no mercado chinês. Isso abriu espaço para fornecedores alternativos, como o Brasil.
  • Maior produção nacional: Em 2024, o Brasil captou 25,38 bilhões de litros de leite, um aumento de 3,1% em relação a 2023, conforme dados do IBGE. Esse crescimento ampliou a capacidade de abastecimento das indústrias exportadoras.
  • Avanços em acordos sanitários: O Brasil também avançou nas negociações com autoridades chinesas, permitindo a habilitação de 33 plantas industriais para exportação de lácteos como leite em pó, UHT e ingredientes.

Perspectivas do mercado chinês

Apesar da China ter atingido em 2023 o índice de 85% de autossuficiência na produção de leite, a demanda por produtos como queijo e manteiga segue elevada, devido à limitada produção local. A redução das compras de leite líquido e soro por parte de grandes fornecedores, como União Europeia e Nova Zelândia, também abre novas janelas para o Brasil.

Em fevereiro de 2025, a China importou 255,5 mil toneladas de lácteos, um crescimento de 16% em volume e 20% em valor sobre o mesmo mês do ano anterior. O destaque ficou por conta do soro de leite, que superou o leite em pó integral em volume: 58 mil toneladas, alta de 52% no comparativo anual.

Grafico 1. Evolução da importação de lácteos pela China com o passar do tempo 

Oportunidade histórica para o setor

Com custos de produção competitivos, estrutura industrial em expansão e crescente integração ao mercado asiático, o Brasil se consolida como forte candidato a se tornar um dos principais fornecedores globais de lácteos para a China.

A consolidação dessa parceria pode atrair novos investimentos, fortalecer a indústria nacional e aumentar a rentabilidade dos produtores rurais brasileiros, num setor que ainda busca estabilidade diante das oscilações de consumo e preços no mercado interno.

O avanço no mercado chinês representa, para o Brasil, não apenas uma conquista comercial, mas um novo patamar estratégico para a indústria leiteira nacional.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM