Cacique Raoni pede que Lula não aprove a Ferrogrão

No Pará, durante visita do presidente da França, cacique Raoni Metuktire, líder indígena da etnia kayapó, fez apelo a Lula contra o projeto do Ferrogrão

Líder indígena da etnia Panará e Kayapó, o cacique mato-grossense Raoni Metuktire, pediu nesta terça- feira (26), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aprove a construção da Ferrogrão, ferrovia que formará o corredor de exportação do Brasil pela Bacia Amazônica.

O pedido foi feito durante evento na ilha do Combú, em Belém (PA), com a presença do presidente da França, Emmanuel Macron. O líder indígena foi condecorado pelo país europeu e cobrou o fim do garimpo e do desmatamento ilegais. “Presidente Lula, subi a rampa com o senhor e gostaria de pedir que vocês não aprovem o projeto de construção de ferrovia entre Sinop e Miritituba (PA), mais conhecido como Ferrogrão”, disse.

Lula, cacique Raoni e o presidente da França, Emmanuel Macron (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A Ferrogrão foi criada para escoar as commodities de soja e milho produzidos no Centro-Oeste até os portos da Amazônia, como alternativa “mais barata” ao trajeto até o Porto de Santos. A estrada de ferro deve percorrer quase mil quilômetros de Sinop até Miritituba, no Pará.

A ferrovia é celebrada pelo agronegócio em função de sua capacidade de levar parte da carga de soja, milho e algodão produzida no Centro-Oeste até os portos do Norte do país. A Ferrogrão seria uma espécie de “esteira de grãos” e substituiria o modal rodoviário, mais caro e menos eficiente. Em 30 anos, de acordo com estimativas do setor, ela poderia movimentar 48,6 milhões de toneladas e criaria 160 mil empregos, diminuindo em cerca de R$ 20 bilhões o custo logístico de produção.

Lideranças apontam que o projeto modifica o traçado de 17 unidades de conservação e irá afetar 6 terras indígenas, além de 3 áreas indígenas com presença de povos isolados. Uma ação judicial contestando a legalidade da Lei nº 13.452/2017, que alterava os limites do Parque Nacional do Jamanxim para permitir a construção da ferrovia, está tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF). A inconstitucionalidade da lei já foi apontada pela Advocacia Geral da União (AGU).

Muitas forças agem contra a Ferrogrão

Em setembro do ano passado, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a tramitação do processo por 6 meses para realização de novos estudos sobre os impactos da obra.

Na última semana o partido político PSOL pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que prorrogue por mais seis meses a suspensão do processo que questiona a Ferrogrão, um projeto de ferrovia que escoaria grãos do Centro-Oeste ao porto de Miritituba, no Pará. O partido questiona a diminuição de 862 hectares no perímetro do Parque Nacional do Jamanxim para a construção da Ferrogrão.

ferrograo - mapa
Fonte: ANTT

Ferrogrão é um projeto de infraestrutura no Brasil que visa a construção de uma nova ferrovia para o transporte de grãos, especialmente soja e milho, da região Centro-Oeste até os portos no norte do país. O nome “ferrogrão” é uma junção das palavras “ferrovia” e “grão”.

A ideia é criar uma rota mais eficiente para escoar a produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro, que é uma das principais regiões produtoras de grãos do país. Atualmente, grande parte desses grãos é transportada por rodovias, o que gera custos mais altos e maior congestionamento nas estradas.

A ferrovia Ferrogrão será construída ao longo de aproximadamente 1.000 quilômetros, ligando os municípios de Sinop, no estado do Mato Grosso, a Itaituba, no estado do Pará. Ela permitirá o transporte de carga por trens, o que é mais econômico e sustentável em comparação com o transporte rodoviário.

A Ferrogrão foi projetada para reduzir custos de transporte de cargas entre o Mato Grosso e o Pará. Ela trará benefícios para toda economia do país, entretanto a obra enfrenta muitas forças contrárias; entenda.

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