
Mercado mantém otimismo e aguarda anúncio oficial de que café brasileiro deve ser incluído na lista de exceções do tarifaço de Trump, enquanto clima segue como fator mais relevante para preços
O café brasileiro, maior destaque da cafeicultura mundial, ficou de fora da lista inicial de quase 700 exceções à tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos importados. Apesar da surpresa, o mercado aposta que a situação será revertida em breve. Segundo Gil Barabacque, analista de mercado da Safras & Mercado, há forte expectativa de que o grão entre para a lista de isenções nas próximas semanas, pontuou ele em entrevista ao Canal Rural.
“O fato de o café não ter entrado na lista causou muita surpresa. O principal prejudicado com a imposição da tarifa é o consumidor norte-americano. O Brasil responde por cerca de 30% das importações de café verde dos Estados Unidos. Substituir esse volume não é algo que se faça rapidamente”, explica o analista.
A possível inclusão já traz estabilidade aos preços, reduzindo a volatilidade que tomou conta da Bolsa de Nova York, referência global para o café arábica. Inicialmente, a exclusão provocou alta nas cotações, mas o mercado logo passou a considerar o impacto negativo da tarifa no consumo norte-americano, reforçando a aposta na reversão da medida.
Mercado em compasso de espera
No Brasil, os preços internos seguem andando de lado, sem grandes oscilações, com negócios em ritmo moderado. Compradores e vendedores aguardam definição sobre a exceção para retomar negociações mais firmes.
Antes mesmo da polêmica, o café já enfrentava queda nas cotações desde o fim do primeiro semestre de 2025. O movimento, porém, está ligado às melhores condições climáticas e ao aumento da oferta global, especialmente de robusta, incluindo o conilon brasileiro.
Influência do clima supera efeito da tarifa
A safra atual foi beneficiada por um inverno menos rigoroso e chuvas mais regulares, contrastando com a seca prolongada de 2024. Esses fatores criaram um cenário mais positivo para a produção, ajudando a conter as cotações. Ainda assim, a oferta deste ano é menor que a de 2024, o que garante algum suporte aos preços.
Para Barabacque, o clima seguirá sendo o fator mais determinante para o mercado:
“No longo prazo, as condições climáticas terão mais influência do que a tarifa. Esta pode alterar fluxos comerciais e gerar custos maiores para o consumidor nos EUA, mas o que vai realmente direcionar o mercado é a expectativa com a produção brasileira.”
Enquanto isso, a cafeicultura nacional aguarda um posicionamento formal dos Estados Unidos para confirmar a esperada entrada do café na lista de exceções, medida que pode devolver tranquilidade ao setor e garantir a competitividade brasileira no maior mercado consumidor do mundo.
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