Café recua em NY e perde linha de US$ 1,80 em NY

O mercado também segue de olho na chegada de café em outras importantes origens, que iniciam um novo ciclo comercial.

A Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o café arábica, que baliza a comercialização internacional do grão, voltou a apresentar quedas nos preços. O mercado perdeu novamente a importante linha de US$ 1,80 a libra-peso, com indicação de que pode estar consolidando um recente movimento negativo.

Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado de café devolveu ganhos recentes na ICE US, ainda em meio à muita instabilidade no intraday. “O fato é que a posição março/2024 avançou negativamente abaixo da linha de 180 cents e, com isso, acabou se afastando das máximas, mas ainda sustentando boa parte dos ganhos recentes. Em todo o caso, continuam os sinais de inconsistências fundamentais”, comenta.

Ele ressaltou que o café em NY segue trabalhando com spread negativo entre os vencimentos março/24 e maio/24. “Isso ainda indica um curto prazo inflado, bem como, a expectativa da queda no preço futuro frente a uma melhora na oferta. Resquícios do efeito da queda nos estoques certificados”, afirmou. Também é nítido o aumento da volatilidade na curva de preços, com alternância de pregões de ganhos por outros de perdas, o que revela incerteza de curto prazo, coloca.

Na parte técnica, Barabach salientou que o mercado deu sinais de fraqueza e testou o suporte gráfico em torno de 176 cents, que perdido derruba o patamar de atuação para um intervalo mais baixo, o que confirma as indicações de baixa. “Com isso, volta a alterar a inclinação na linha de tendência de longo prazo para baixo, deixando mais próximo o fundo gráfico em torno de 165 cents. Já uma reação mais consistente na linha de preços passa pela recuperação da linha de 180 cents”, observa.

No lado fundamental, os operadores continuam de olho no clima no Brasil. O consultor de SAFRAS aborda que os próximos dias devem ser de bons volumes de chuvas em áreas de café, com destaque à Mogiana em São Paulo e às regiões Sul e das Matas de Minas, o que traz alívio e colabora com pressão negativa sobre os preços nos terminais de NY e Londres. As chuvas ajudam a mitigar o estresse climático do último mês de novembro, onde episódios de corte na umidade e calor extremo gerou dúvidas sobre sequelas em relação ao potencial produtivo da safra brasileira de 2024, como relembra Barabach.

Para Barabach, a melhora nas chuvas induz o desmonte parcial da proteção contra o clima no Brasil, com operadores migrando o foco climático gradualmente para as chuvas no início do próximo ano e seu efeito sobre a granação da safra brasileira. “A leitura preliminar é que o café, por se tratar de uma cultura permanente e de ciclo mais longo, tem mais tempo para se recuperar de episódios como os de bolsões de calor, ocorridos em setembro e novembro”, avalia.  

O mercado também segue de olho na chegada de café em outras importantes origens, que iniciam um novo ciclo comercial no último trimestre do ano, analisa. No caso do arábica, monitora a chegada de suaves da Colômbia e Centrais. “O atraso nos trabalhos de colheita do Vietnã acaba oferecendo sustentação aos preços do café na ICE Europa, pois aliviam a pressão sazonal com a chegada de robusta novo no mercado. Em linhas gerais, a expectativa é que o fluxo tanto de suaves como de robusta melhore a partir de dezembro e ganhe mais ritmo nos primeiros meses de 2024”, indica. A maior disponibilidade física junto à recente volatilidade de alta nos preços internacionais do café baliza essa expectativa de melhora no fluxo. “E isso somado ao bom volume exportado pelo Brasil, que voltou a embarcar mais 4 milhões de sacas no último mês de novembro, garante o abastecimento, em meio ao pico de consumo com chegada da temporada fria no hemisfério Norte”, afirma.

No balanço semanal do arábica na Bolsa de NY, o preço no contrato março/2024 caiu de 184,70 para 177,50 centavos de dólar por libra-peso na semana entre as duas últimas quintas-feiras (30 de novembro e 07 de dezembro), com queda de 3,9%. Em Londres, no mesmo período, o contrato março recuou 0,2%.

No mercado físico brasileiro de café, os produtores aproveitaram recentemente momentos de altas para negociar um pouco mais. Nas baixas e volatilidades da bolsa, naturalmente as negociações travam. No balanço semanal do mercado físico, os preços recuaram menos que em NY no arábica e até avançaram no conilon.

Entre as quintas-feiras (30 de novembro e 07 de dezembro), o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais recuou 1,0%, caindo de R$ 950,00 para R$ 940,00 a saca na base de compra. Já o o conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, avançou de R$ 695,00 para R$ 700,00 a saca, elevação de 0,7%.

Fonte: Agência Safras

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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