Calcário agrícola: como usar, quais as vantagens e sua eficiência no solo

Uma prática simples e de baixo custo, mas capaz de transformar radicalmente a produtividade no campo; A utilização do calcário agrícola na correção do solo é fundamental para bom desempenho da lavoura

Na rotina da fazenda, é comum ouvir que “a lavoura começa no solo”. E não é exagero: a fertilidade e a saúde química, física e biológica da terra determinam o rendimento de cada saca colhida ou arroba produzida. No entanto, boa parte dos solos brasileiros carrega um desafio natural: a acidez excessiva. Veja como usar, quais as vantagens e a eficiência do calcário agrícola no solo.

Esse fator reduz drasticamente a disponibilidade de nutrientes e compromete o crescimento radicular. Assim, mesmo com investimentos em adubação e sementes de alto potencial genético, os resultados podem ficar muito abaixo do esperado. É aqui que entra a calagem: uma prática simples, de baixo custo, mas capaz de transformar radicalmente a produtividade.

O que é calagem e por que ela é essencial

A calagem consiste na aplicação de corretivos, como o calcário agrícola, com o objetivo de:

  • Corrigir a acidez do solo (pH baixo);
  • Neutralizar o alumínio tóxico (Al³+), que prejudica as raízes;
  • Fornecer cálcio (Ca) e magnésio (Mg), nutrientes indispensáveis para o desenvolvimento das plantas.

Além disso, o calcário cria um ambiente favorável para a atividade biológica do solo, estimulando microrganismos que atuam na decomposição da matéria orgânica e no ciclo de nutrientes.

Ou seja: não é apenas uma operação técnica, mas um investimento em fertilidade de longo prazo.

Tipos de calcário agrícola e suas aplicações

Nem todo calcário é igual. A escolha correta depende da análise de solo e da relação entre cálcio e magnésio.

  • Calcário Calcítico:
    • Alto teor de cálcio (45 a 55%).
    • Indicado para solos já ricos em magnésio.
  • Calcário Magnesiano:
    • Teor intermediário de magnésio (5 a 12%).
    • Boa opção para equilibrar nutrientes.
  • Calcário Dolomítico:
    • Teor elevado de magnésio (>12%).
    • Recomendado para solos deficientes nesse nutriente.
  • Calcário Filler:
    • Granulometria muito fina.
    • Indicado para plantio direto, por sua rápida reação mesmo sem incorporação.

Como aplicar calcário no solo: passo a passo

O sucesso da calagem depende de três pilares: analisar, calcular e aplicar corretamente.

  1. Análise de solo
    • Deve ser feita antes do plantio ou na entressafra.
    • Recomenda-se a cada 3–5 anos em solos argilosos e em intervalos menores em solos arenosos.
  2. Cálculo da necessidade de calagem
    • Feito por métodos como:
      • Saturação por bases (V%) – usado em SP, PR e regiões do Cerrado.
      • Neutralização do alumínio – usado em MG, GO, MT e MS.
      • pH SMP – aplicado no RS e SC.
    • Exemplo de fórmula:
      NC=[CTC×(V2–V1)×(100/PRNT)]÷100NC = [CTC × (V2 – V1) × (100/PRNT)] ÷ 100NC=[CTC×(V2–V1)×(100/PRNT)]÷100
      Onde NC é a necessidade de calcário (t/ha).
  3. Aplicação correta
    • Convencional: calcário incorporado a 20 cm de profundidade por aração/gradagem.
    • Plantio direto: aplicação superficial, reagindo lentamente com auxílio da chuva ou irrigação.
    • Antecedência: aplicar 90 dias antes do plantio para dar tempo de reação.

Benefícios da calagem

Os ganhos vão além da correção da acidez. Veja os principais benefícios:

  • Redução da acidez do solo → melhora a absorção de nutrientes.
  • Fornecimento de cálcio e magnésio → essenciais para raízes fortes.
  • Maior disponibilidade de fósforo → nutriente com baixa mobilidade, que se torna mais acessível em pH adequado.
  • Redução da toxidez de alumínio e manganês.
  • Aumento da mineralização da matéria orgânica.
  • Melhoria das propriedades físicas do solo → maior agregação, menos compactação.
  • Atividade biológica estimulada → microrganismos mais ativos e férteis.

Comparando custos: a calagem representa em média 5% do custo total de produção, mas pode aumentar a produtividade em até 30%, gerando um retorno muito superior ao investimento inicial.

Eficiência comprovada no campo

Estudos mostram que, em solos corrigidos:

  • A produtividade da soja pode subir de 40 para 60 sacas/ha.
  • Em milho, os ganhos médios variam de 20 a 30% na produção de grãos.
  • Em pastagens, a calagem pode dobrar a capacidade de suporte animal, transformando áreas degradadas em fontes de alimento de alta qualidade.

Integração com outras práticas de manejo

A eficiência da calagem é potencializada quando associada a outras técnicas:

  • Gessagem agrícola: leva cálcio e enxofre a camadas mais profundas, favorecendo o crescimento radicular.
  • Fosfatagem: aproveita o pH corrigido para aumentar a eficiência do fósforo.
  • Rotação de culturas e adubação verde: reciclam nutrientes e aumentam a matéria orgânica.
  • Plantas de cobertura (como braquiária): melhoram a estrutura física do solo.

Riscos da supercalagem e erros comuns

Apesar de seus benefícios, a calagem mal executada pode prejudicar a lavoura.

  • Supercalagem: pH acima de 7 → fósforo, zinco e manganês ficam indisponíveis.
  • Excesso de cálcio e magnésio: bloqueia absorção de potássio.
  • Má distribuição do produto: gera áreas desuniformes, com produtividade desigual.
  • Uso sem análise de solo: risco de desperdício ou desequilíbrio.

Por isso, a orientação de um engenheiro agrônomo é sempre recomendada.

A calagem é o primeiro passo para quem busca produtividade elevada, menor custo com fertilizantes e sustentabilidade do sistema agrícola.

Sem corrigir o solo, o produtor perde dinheiro em cada adubação mal aproveitada. Com a calagem correta, ele garante raízes profundas, plantas vigorosas e safras mais rentáveis.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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