Canchim: mais de 70 anos de genética “made in Brazil” encurtando o ciclo da pecuária

Como as provas PCAD/TEA transformaram o Canchim em uma ferramenta de progresso genético e opção estratégica para o cruzamento industrial na pecuária

A raça Canchim nasceu em pesquisas brasileiras e, desde então, tem sido trabalhada com objetivo claro: combinar precocidade e qualidade de carcaça da genética europeia com a rusticidade do zebu. O esforço sistemático de seleção e os programas de Avaliação de Desempenho (PCAD) e Teste de Eficiência Alimentar (TEA) fizeram da raça não só um patrimônio nacional, mas também um agente concreto do progresso genético na pecuária de corte.

Nos últimos 15 anos a Associação Brasileira de Criadores de Canchim (ABCCAN), Embrapa Pecuária Sudeste, IZ de Sertãozinho e parceiros consolidaram as provas PCAD/TEA como referência para medir ganho genético real na raça.

As edições recentes já somaram mais de mil animais avaliados e introduziram métricas modernas — ultrassonografia de carcaça, eficiência alimentar e indicadores de lucratividade — que permitem selecionar touros com desempenho comprovado em carne, crescimento e conversão alimentar. Esses resultados traduzem-se em touros mais homogêneos e previsíveis para uso em programa de cruzamento industrial.

O Canchim é uma raça desenvolvida no Brasil para as condições do país — clima, pastagens e pressões sanitárias —, o que a torna especialmente valiosa para produtores que buscam combinar rusticidade com produtividade. Por ser resultado de um projeto de melhoramento genético nacional, o Canchim também representa um ganho estratégico: sua maior adequação às exigências de qualidade, tanto do mercado interno quanto do externo.

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Foto: Divulgação

Qualidade dos animais no cruzamento industrial

O grande trunfo do Canchim aparece quando ele atua como touro em cruzamentos com matrizes zebuínas (como Nelore). Estudos e relatos de campo mostram aumento de peso ao desmame, ganho de precocidade e melhor conformação de carcaça — inclusive maior rendimento de carcaça e melhores indicadores de marmoreio e área de olho de lombo quando comparados a cruzamentos só com zebu.

Em programas de IATF e cruzamento industrial, o Canchim tem se mostrado capaz de produzir novilhos mais precoces, com padrão de carcaça que atende mercados exigentes. Vale ressaltar que os touros da raza Canchim têm ótimo desempenho a campo. Sua rusticidade é um trunfo que os torna peças-chave para fazer o repasse do rebanho inseminado.

Outro destaque é a qualidade das carcaças produzidas pela raça. A carne produzida pleo Canchim revela sua excelência em qualidade — um dos exemplos mais recentes surge da PCAD Canchim ILMA 4.0, organizada pelo criatório Canchim Ilma na Central Bela Vista (SP). Nessa prova, os touros avaliados mostraram resultados expressivos em ultrassonografia de carcaça (área de olho-de-lombo elevada), marmoreio acima da média nacional e bom acabamento de gordura, evidenciando a capacidade da raça de gerar carne suculenta, com bom marmoreio e rendimento elevado — atributos que valorizam o produto final no mercado de carne bovina.

“Penso que a raça faz parte do novo modelo de pecuária brasileira, com grande potencial para contribuir com os seguintes objetivos: ser mais produtiva, sustentável e com melhor qualidade de carne” – disse Giovani Daminelli, técnico de campo da DGT Brasil e um dos responsáveis pela prova.

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Foto: Marcio Peruchi

O que o pecuarista ganha ao comprar um touro Canchim

  1. Precocidade e ganho de peso — novilhos que chegam ao peso de abate mais cedo reduzem custo de manutenção por animal e aumentam rotação de capital no negócio.
  2. Melhor rendimento de carcaça — animais com maior conformação e peso de carcaça resultam em maior receita por cabeça no abate.
  3. Ganho de eficiência — seleção em PCAD/TEA prioriza conversão alimentar; touros com índices melhores geram descendentes que consumirão menos para produzir mais.
  4. Robustez adaptada ao Brasil — genética pensada para nosso clima e parasitismo reduz perdas e problemas reprodutivos em comparação com raças europeias “puras”.
  5. Previsibilidade no resultado — ao usar touros avaliados em provas nacionais, o criador reduz a variabilidade dos lotes, o que facilita planejamento de venda, terminação e atendimento a nichos de mercado.

Desafios e perspectivas

Apesar dos avanços, o Canchim ainda enfrenta o desafio de ampliar sua aceitação entre técnicos e pecuaristas – aqueles que indicam os touros a serem usados nas estações de monta em todo o país. Continuar investindo em testes genômicos, eficiência alimentar em sistemas intensivos e divulgação das vantagens do cruzamento industrial são passos naturais para transformar potencial em resultado em larga escala. As provas PCAD/TEA mais recentes já incorporam parâmetros econômicos (lucratividade) e reatividade, tornando a seleção ainda mais alinhada ao produtor moderno.

O Canchim é hoje mais que uma raça: é uma ferramenta de melhoramento que conecta pesquisa e campo. Para o pecuarista que busca resultados concretos em ganho de peso, qualidade de carcaça e eficiência, um touro Canchim — especialmente avaliado em PCAD/TEA — costuma representar investimento com retorno mensurável. Mantendo a seleção técnica e ampliando a difusão do uso em programas de cruzamento industrial, a raça pode seguir entregando progresso genético relevante para a pecuária brasileira.

Como destaca Kika Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Canchim, o avanço da raça não é fruto de acaso, mas de décadas de seleção criteriosa e de um trabalho conjunto entre técnicos, criadores e instituições de pesquisa: “O Canchim chega a este momento com a maturidade de uma raça genuinamente brasileira, capaz de entregar desempenho, ótimo custo-benefício, carne de qualidade e eficiência produtiva em qualquer sistema. O progresso que vemos nas provas e nos rebanhos é a prova de que estamos no caminho certo — oferecendo ao pecuarista uma genética moderna, funcional e rentável, que contribui diretamente para uma pecuária mais sustentável e competitiva no Brasil” – finaliza a presidente.

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