Capim picado ou longo, qual fornecer ao cavalo? Um deles aumenta o risco de cólica e úlcera

Especialistas reforçam que, entre o capim picado ou longo, a preferência fica pela fibra longa, já que essa reproduz o comportamento natural de pastejo, previne cólicas e úlceras e mantém o cavalo ocupado por mais tempo.

No manejo alimentar de equinos, uma dúvida frequente entre criadores, proprietários e tratadores é se há diferença entre oferecer capim longo ou utilizar capim já picado no cocho. A resposta, segundo médicos-veterinários e zootecnistas, é clara: a fibra longa é a forma mais fisiológica, segura e benéfica para o sistema digestivo e para a saúde bucal dos cavalos. Isso porque o processo digestivo do equino se inicia na mastigação, e não no estômago, tornando o tempo de mastigação uma variável determinante para o bem-estar e para a prevenção de doenças.

Cavalos, em condições naturais, passam até 16 horas do dia pastejando, ingerindo pequenas quantidades ao longo do tempo. Ao ofertar capim longo ou permitir acesso a pastagens, o tratador replica esse comportamento biológico, o que reduz estresse, evita vícios orais, melhora a digestão e protege o trato gastrointestinal, diferentemente de dietas com capim fragmentado, consumido rapidamente e com pouca salivação.

Por que a fibra longa é superior

  • Melhora da digestão e prevenção de úlceras — A mastigação prolongada aumenta a salivação, que neutraliza a acidez gástrica, reduzindo a ocorrência de cólicas e lesões ulcerativas.
  • Desgaste dentário natural — Fibras longas exigem mais mastigação, o que desgasta os dentes de forma uniforme, prevenindo pontas, cortes de mucosa e dor.
  • Bem-estar e comportamento — O tempo maior de consumo mantém o cavalo ocupado, reduz a ansiedade, o estresse e práticas indesejáveis como roer madeira ou ingerir cama.
  • Energia por fermentação lenta — A fibra insolúvel sofre fermentação no intestino grosso e gera ácidos graxos voláteis, importante fonte de energia metabólica para o cavalo.

Capim picado: quando usar e quais os riscos

Embora útil em confinamentos ou por logística, o capim picado não pode ser base da dieta a longo prazo.

  • Principais riscos do uso exclusivo
    • Mastigação insuficientemenos saliva e pior digestão
    • Maior risco de cólica → compactação, gases e fermentação acelerada
    • Problemas dentáriosdentes não se desgastam e surgem dores e infecções
  • Se precisar usar capim picado, reduza os danos:
    • Misture com fibras longas (feno ou talos longos)
    • Divida em pequenas porções ao longo do dia
    • Ofereça acesso ao pasto sempre que possível

Se o capim picado for inevitável, como torná-lo mais seguro

  • Misturar com fibras longas: incorpore feno ou deixe partes maiores de capim para estimular mastigação.
  • Ofertar porções menores várias vezes ao dia: evita aquecimento e fermentação, especialmente no calor.
  • Associar ao pasto sempre que possível: mesmo poucas horas de pastejo reprogramam o comportamento alimentar.

Principais fontes de fibra longa recomendadas

  • Forragens naturais — Tifton, Quênia, Massai, piquetes bem formados e feno de boa qualidade.
  • Alfafa e feno em cubos — Alternativas com alta fibra e boa aceitação.
  • Polpa de beterraba, cascas e subprodutos fibrosos — Úteis como complemento, desde que sem excesso de amido.
  • Psyllium — Auxilia o trânsito intestinal, especialmente em animais com diarreia ou ingestão de areia.

Ajustes de dieta: pontos críticos de atenção

  • Evitar excesso de amido, sobretudo em cavalos pouco ativos, para prevenir laminite e distúrbios metabólicos.
  • Compatibilizar dieta com idade e dentição — Cavalos idosos ou com falhas dentárias podem precisar de fibras processadas e de maior digestibilidade.
  • Manter rotina de dentista e nutrição preventiva — A dieta não substitui o manejo clínico.

A fibra longa deve ser o pilar da alimentação de cavalos. Ela conversa com a fisiologia da espécie, protege o aparelho digestivo, mantém a saúde dentária e promove bem-estar comportamental. Capim picado não é proibido, mas é coadjuvante — uma solução emergencial ou complementar, que só é segura quando associada a fibras longas, fracionamento de refeições e supervisão técnica.

Para quem busca prevenir problemas antes que apareçam, a regra é simples: quanto mais o cavalo mastiga, mais saudável ele tende a ser.

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