Com demissões – cortes de 8.000 empregos – que afetam milhares de trabalhadores globalmente, a Cargill busca se reorganizar para superar margens apertadas e volatilidade nos preços das commodities.
A gigante do agronegócio Cargill, uma das maiores negociadoras globais de grãos e processadora de carne bovina dos Estados Unidos, iniciou um plano de cortes que afetará cerca de 8.000 funcionários em todo o mundo. A decisão, anunciada recentemente, representa uma redução de 5% no quadro de mais de 160.000 trabalhadores e reflete os desafios enfrentados pela empresa devido à desaceleração cíclica em seus principais mercados de atuação.
A decisão da Cargill ocorre em um cenário de pressão econômica significativa nas operações agrícolas e de carne bovina, combinado com uma queda nos lucros e margens. Empresa relatou receita de US$ 160 bilhões para seu ano fiscal de 2024, encerrado em maio, abaixo do recorde de US$ 177 bilhões do ano anterior. Mas qual o impacto dessas demissões e como a empresa espera se reestruturar?
Segundo Chris Johnson, diretor de agronegócios da S&P Global Ratings, o aumento nos custos do gado foi um dos principais fatores por trás do declínio nos lucros. A seca nos Estados Unidos reduziu as áreas de pastagem, forçando os pecuaristas a diminuir seus rebanhos para o menor número em décadas.
Além disso, a unidade de processamento de oleaginosas da Cargill enfrenta demandas incertas por biocombustíveis e margens de processamento mais baixas, enquanto os preços de commodities como soja e milho caíram para os níveis mais baixos dos últimos quatro anos. Isso também impactou rivais como Archer-Daniels-Midland (ADM) e Bunge, que enfrentam desafios semelhantes no setor.
A reestruturação: mudanças estratégicas e impacto nos funcionários
O presidente da Cargill, Brian Sikes, afirmou que as demissões fazem parte de um esforço mais amplo para simplificar a estrutura organizacional da empresa, reduzindo camadas hierárquicas e eliminando duplicidades de trabalho. No memorando enviado aos colaboradores, Sikes declarou:
“Eles se concentrarão em simplificar nossa estrutura organizacional removendo camadas, expandindo o escopo e as responsabilidades de nossos gerentes e reduzindo a duplicação de trabalho.”
Nos Estados Unidos, 475 funcionários do centro de escritórios em Wayzata, Minnesota, já foram notificados sobre suas demissões, que terão início em 5 de fevereiro de 2025. Outras demissões foram reportadas em setores como controle de estoque, marketing, análise de cadeia de suprimentos e tecnologia digital.
A empresa garantiu que os funcionários afetados receberão pacotes de indenização e suporte durante o processo de transição.
Competição e desafios no setor
O movimento da Cargill ocorre em um momento em que seus principais concorrentes também enfrentam dificuldades. A Tyson Foods, por exemplo, anunciou recentemente o fechamento de uma fábrica no Kansas, enquanto a ADM enfrenta lucros mais baixos e busca cortar custos. A Bunge, por sua vez, tenta consolidar sua posição no mercado com a aquisição da Viterra, mas enfrenta obstáculos regulatórios.
O que esperar do futuro da Cargill?
A Cargill realizou uma reunião global em 9 de dezembro para detalhar os próximos passos da reestruturação. A empresa acredita que essa mudança estratégica, parte do plano até 2030, será essencial para garantir sua lucratividade a longo prazo. Entretanto, os impactos sobre sua força de trabalho global já começaram a ser sentidos, com relatos de demissões em diferentes países, incluindo Estados Unidos e Costa Rica.
Apesar dos desafios, a Cargill continua sendo uma das maiores forças do setor agroindustrial global, e sua capacidade de adaptação a um mercado em transformação será fundamental para enfrentar os próximos anos.
Resumo: A reestruturação da Cargill reflete um cenário de desafios econômicos e pressão no mercado agroindustrial. Com demissões que afetam milhares de trabalhadores globalmente, a empresa busca se reorganizar para superar margens apertadas e volatilidade nos preços das commodities. O sucesso dessa estratégia será determinante para seu futuro no setor.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
China compra cargas de soja dos EUA antes da reunião Trump-Xi, dizem fontes
Preços de referência dos futuros da soja em Chicago saltaram esta semana para o valor mais alto em 15 meses.
Continue Reading China compra cargas de soja dos EUA antes da reunião Trump-Xi, dizem fontes
Smithfield Foods tem lucro recorde de US$ 248 milhões no 3º trimestre
O resultado representa um avanço de 22,8% em relação ao lucro líquido de US$ 202 milhões obtido em igual período do ano anterior e marca o melhor terceiro trimestre da história da empresa
Continue Reading Smithfield Foods tem lucro recorde de US$ 248 milhões no 3º trimestre
Valor da terra no Brasil: preço por hectare varia de R$ 1 mil a R$ 400 mil
Pecuária em alta: quanto custam e onde estão as principais terras de produção no Brasil; região Centro-Oeste se destaca não apenas pela diversidade de terras à venda
Continue Reading Valor da terra no Brasil: preço por hectare varia de R$ 1 mil a R$ 400 mil
Lendário touro da PBR é aposentado das arenas; veja vídeo de montaria
Lenda das arenas da PBR, o touro Preacher’s Kid se despede das competições após marcar uma geração de cowboys e desafiar alguns dos melhores competidores do mundo.
Continue Reading Lendário touro da PBR é aposentado das arenas; veja vídeo de montaria
Ingo Plöger assume presidência da Abag a partir de janeiro de 2026
A nova diretoria foi eleita em assembleia realizada na segunda-feira, 27
Continue Reading Ingo Plöger assume presidência da Abag a partir de janeiro de 2026
Novo Plano Clima pode desestimular quem produz com responsabilidade, alerta especialista
Risco de apresentar plano “sem realismo técnico” na COP30 e metodologia falha na medição de emissões estão no centro das críticas do setor





