Ele relatou a interlocutores que não aceita fazer parte de uma administração federal que taxa exportações do agro, segundo divulgou a reportagem da CNN; Com isso, Carlos Fávaro ameaça deixar o Ministério da Agricultura.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, sinalizou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que pode deixar o cargo caso o governo adote medidas drásticas, como a taxação das exportações do agronegócio. Segundo apurações, ele afirmou a interlocutores que não aceita fazer parte de uma gestão que imponha restrições ao setor.
A situação se agravou devido a uma crescente pressão interna dentro do governo e também da bancada petista no Congresso Nacional. Entre as propostas em discussão, estão impostos ou cotas sobre exportação de carnes e outros alimentos, o que Fávaro rejeita completamente.
Desde o início do mandato de Lula, a relação entre o agronegócio e o governo tem sido tensa. No entanto, Fávaro sempre manteve fidelidade à administração petista, até que essa nova possibilidade de taxação foi colocada na mesa. O ministro deixou claro que essa seria uma linha intransponível para ele.
Crise no Plano Safra e atritos com a FPA
A recente suspensão das linhas de crédito subsidiadas do Plano Safra também agravou o clima entre governo e setor agropecuário. A decisão gerou fortes críticas da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), levando Fávaro a reagir de forma contundente.
Em entrevista ao programa WW, da CNN, na última sexta-feira (21), o ministro afirmou que a FPA se tornou uma frente de oposição ao governo. Em resposta, o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, declarou que o Ministério da Agricultura perdeu relevância dentro do governo, com as negociações do setor agropecuário sendo conduzidas diretamente por ministros mais influentes, como Fernando Haddad, da Fazenda.
“O interlocutor do agro virou o Ministério da Fazenda. O Ministério da Agricultura ficou, infelizmente, em segundo plano, nos obrigando a tratar com ministros fortes, como Haddad”, afirmou Lupion.
O embate se intensificou quando Fávaro responsabilizou a FPA por não ter pressionado pela aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), mecanismo essencial para a liberação de recursos ao principal programa de financiamento agropecuário do país. A crise foi amenizada com a publicação de uma Medida Provisória (MP) que garantiu um crédito extra de R$ 4,1 bilhões para o Plano Safra 2024-2025, mas os atritos entre as partes seguem.
Futuro incerto: Fávaro ameaça deixar o Ministério da Agricultura
Apesar da tensão, não há uma definição oficial sobre a saída de Carlos Fávaro do Ministério da Agricultura. Ele reforça que não aceitará de forma alguma medidas que prejudiquem o setor agropecuário, principalmente a taxação das exportações de soja, milho, carne e etanol.
A discussão sobre o impacto do agro nos preços dos alimentos vem ganhando espaço no Planalto e na Casa Civil desde o início do ano. Com a recente retomada das discussões sobre taxação, Fávaro precisa decidir se continuará no governo, enfrentando resistências dentro do próprio partido, ou se abrirá mão do cargo para não comprometer sua posição junto ao setor agropecuário.
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