Carne Baixo Carbono é anunciada na COP30 pela Embrapa e fortalece a pecuária sustentável

Certificação inédita da Carne Baixo Carbono reconhece produtores que adotam práticas de baixa emissão e marca novo avanço do Brasil na liderança global da agropecuária sustentável

A Conferência do Clima de 2025 (COP30), realizada em Belém (PA), tornou-se palco de uma das iniciativas mais importantes já apresentadas pela agropecuária brasileira: o lançamento oficial da certificação Carne Baixo Carbono (CBC), desenvolvida pela Embrapa em parceria com a MBRF e com apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira. O anúncio marca um passo decisivo na consolidação de uma pecuária mais sustentável, competitiva e alinhada às metas globais de descarbonização.

A certificação é baseada no Protocolo Carne Baixo Carbono, construído ao longo de anos de pesquisa científica e que define critérios rigorosos para monitorar, comprovar e certificar sistemas produtivos que reduzem emissões de gases de efeito estufa, aumentam a eficiência e promovem conservação do solo e da água. O conjunto de práticas inclui integração lavoura-pecuária (ILP), recuperação de pastagens degradadas, manejo adequado do solo e da água e pastagens de alto desempenho, entre outras exigências.

Carne Baixo Carbono: Um selo que nasce para transformar o mercado

Com o novo selo, o consumidor terá a garantia de que aquela carne foi produzida sob processos auditáveis, critérios técnicos bem definidos e indicadores ambientais mensuráveis. A certificação busca reconhecer produtores rurais que aderem voluntariamente a práticas que reduzem emissões e ampliam o sequestro de carbono no solo, contribuindo para uma pecuária mais resiliente às mudanças climáticas.

Para a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, a iniciativa consolida a liderança do Brasil no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.
“Com o selo, damos um passo decisivo na consolidação de uma cadeia de carne bovina de baixo carbono, transparente, auditável e capaz de gerar valor tanto para o produtor quanto para o consumidor.”

Ela reforça que o protocolo traduz a ciência em critérios aplicáveis, promovendo a redução de emissões e valorizando quem adota boas práticas no campo.

Critérios técnicos e indicadores de sustentabilidade

Segundo os documentos técnicos, o sistema de certificação envolve pelo menos 20 critérios mínimos, podendo chegar a 67 indicadores que avaliam desde manejo de pastagens até suplementação, conservação do solo e eficiência no uso da água.

Entre os pontos obrigatórios estão:

  • Idade máxima de abate de 30 meses, reduzindo significativamente o período de emissões do animal.
  • Altura adequada de pastejo para cada tipo de capim, garantindo produtividade e baixa degradação.
  • Recuperação e manutenção de pastagens, aumentando o estoque de carbono no solo.
  • Práticas de integração lavoura-pecuária, que elevam a eficiência e reduzem a pressão sobre novas áreas com vegetação nativa.

Essas ações promovem sistemas mais intensivos e sustentáveis, capazes de entregar maior produtividade com menor impacto ambiental, respondendo às demandas de mercados nacionais e internacionais cada vez mais exigentes.

Benefícios ao produtor: produtividade, valor agregado e acesso a mercados

De acordo com Natália Grossi, analista da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, os benefícios vão além da sustentabilidade ambiental: “A certificação oferece ao produtor pastos mais produtivos, valorização da carne, acesso a mercados mais exigentes e maior resiliência climática.”

O selo também abre portas para programas de compra, bonificação e políticas de incentivo que priorizam cadeias com baixa pegada de carbono, fortalecendo o posicionamento do Brasil como um fornecedor confiável de proteína animal sustentável.

MBRF adotará o selo Carne Baixo Carbono em seu programa de produção

A MBRF, uma das maiores companhias globais de alimentos, utilizará o selo Carne Baixo Carbono em seu portfólio. A empresa já mantém o Programa Verde+, focado em produção monitorada, livre de desmatamento e com inclusão social.

Segundo Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da companhia: “A Carne Baixo Carbono valida nossos esforços e destaca a importância da integração entre ciência e campo para reduzir emissões e impulsionar a sustentabilidade.”

Um marco para a pecuária brasileira na COP30

O lançamento, realizado na Agrizone da Embrapa Amazônia Oriental, reforça o papel do Brasil como protagonista global no desenvolvimento de soluções climáticas baseadas na agropecuária. O Selo Carne Baixo Carbono deve se tornar uma referência mundial, apoiando metas do Acordo de Paris e do Plano ABC+, que orienta a agricultura brasileira rumo a modelos mais eficientes e de baixa emissão.

A expectativa é que, com maior adesão dos produtores e intensificação das tecnologias sustentáveis, a certificação ajude o país a expandir sua produção pecuária sem ampliar a área usada, reduzindo pressões ambientais e aumentando a competitividade da proteína bovina brasileira.

Dessa forma, a criação da Carne Baixo Carbono representa um dos movimentos mais sólidos já construídos para fortalecer a imagem da pecuária brasileira no mundo. Com rigor científico, auditoria externa e foco na eficiência produtiva, o selo une tecnologia, sustentabilidade e mercado, valorizando o produtor rural e entregando ao consumidor um produto alinhado aos compromissos climáticos globais.

Trata-se de uma iniciativa que não apenas reconhece quem já produz com responsabilidade, mas que incentiva toda a cadeia a evoluir para sistemas mais sustentáveis, eficientes e preparados para o futuro.

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