
Exportações recordes de carne bovina brasileira – julho de 2025, o Brasil exportou US$ 205,8 milhões em carnes para o México – levantam suspeitas de triangulação, mas setor nega irregularidades
Após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impor um tarifaço de 50% sobre a carne brasileira, dados oficiais revelam um movimento curioso: enquanto o Brasil dispara suas exportações para México, Paraguai e Uruguai, esses mesmos países passaram a vender volumes recordes aos americanos. Diante dos fatos, uma reportagem publicada pela CNN Brasil levantou uma discussão delicada no comércio internacional de carnes.
Segundo a matéria, a coincidência levantou a hipótese de uma possível triangulação para manter as vendas de carne brasileira aos EUA em meio ao tarifaço imposto por Trump – embora a indústria negue categoricamente qualquer irregularidade. Vamos entender os dados e ver o que disse o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
O cenário das exportações de carne brasileira
Em julho de 2025, o Brasil exportou US$ 205,8 milhões em carnes para o México, um aumento de 112% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério do Desenvolvimento (MDIC). Foi o maior volume já registrado em um único mês. Com isso, o México saltou do 5º para o 2º lugar no ranking de maiores compradores da carne brasileira, atrás apenas da China.
O Paraguai também surpreendeu, com uma alta de 967% nas compras, totalizando US$ 5,9 milhões no mês de julho e um recorde histórico no acumulado do ano. Já o Uruguai, conhecido por exportar carne premium, comprou US$ 32,2 milhões do Brasil, alta de 28% e também o maior valor mensal já registrado.
Do outro lado da fronteira: Estados Unidos
Coincidentemente, os mesmos países que ampliaram suas compras do Brasil também bateram recordes de exportação para os EUA.
- O México vendeu US$ 224,8 milhões em carnes aos americanos em julho, o maior valor para o mês em 40 anos.
- O Paraguai registrou crescimento de 225%, somando US$ 22,5 milhões em vendas.
- O Uruguai exportou US$ 80,2 milhões, alta de 44% e outro recorde histórico.
A sobreposição desses dados chamou atenção de analistas e levantou a suspeita de que parte da carne brasileira estaria chegando aos EUA via terceiros.
Reação da indústria brasileira
Apesar da polêmica, o setor nega veementemente qualquer prática irregular. Roberto Perosa, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), afirmou que os impactos do tarifaço serão bem menores do que o previsto, estimando perdas de US$ 300 milhões – cerca de 70% abaixo das projeções iniciais.

Para Perosa, o que está acontecendo é resultado da abertura e diversificação de mercados, e não um esquema de triangulação. Ele explicou que, no caso do México, o país pode usar a carne brasileira para consumo interno, enquanto direciona sua produção doméstica para outros destinos, incluindo Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul.
“Não é exatamente isto, mas sim uma ‘oportunidade’”, afirmou Perosa à CNN Brasil.
O que está em jogo
A reportagem da CNN Brasil evidencia como as tarifas de Trump impactaram o comércio internacional, mas também como os mercados encontraram formas de adaptação. Ainda que a hipótese de triangulação seja difícil de comprovar, a movimentação de dados levanta questionamentos sobre fluxos comerciais paralelos e a elasticidade das cadeias globais de alimentos.
Enquanto isso, o setor brasileiro aposta na narrativa de diversificação e resiliência, buscando reduzir a dependência dos EUA e ampliar sua presença em mercados estratégicos.
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