Carne como ameaça nas Olimpíadas de Paris; Executivo se posiciona

Segundo Mauricio Palma Nogueira, diretor da Athenagro, ao demonizar a carne como uma vilã do meio ambiente, o comitê parece aderir a um movimento anticarne mais influenciado por modismos e interesses comerciais do que por uma preocupação genuína com a sustentabilidade; confira

Em recente entrevista ao programa Mercado & Companhia, do Canal Rural, o diretor da Athenagro, Mauricio Palma Nogueira, trouxe à tona a questão controversa da decisão do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Paris. As Olimpíadas de Paris, marcadas para julho deste ano, definiram uma meta ambiciosa para o agronegócio: reduzir a oferta de carne de origem animal nas 13 milhões de refeições que serão servidas durante o evento.

O comitê organizador justifica essa decisão sob a alegação de que a carne é uma ameaça ambiental, transmitindo a mensagem equivocada de que o setor de proteína animal é o principal responsável pelas emissões de carbono e pelo aquecimento global. Contudo, a análise do diretor da Athenagro, Mauricio Nogueira, e de outros especialistas do setor agropecuário revela falhas significativas nessa abordagem, entenda melhor ao longo do texto.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que o agronegócio, especialmente a pecuária, desempenha um papel crucial na remoção de carbono da atmosfera, segundo o especialista. Nogueira destaca que as pastagens, ao analisarem todos os componentes, incluindo raízes e parte aérea das plantas, têm um efeito líquido de sequestro de carbono. Ou seja, o carbono emitido pelo gado é superado pelo carbono capturado pelas pastagens. Além disso, a atividade emite um carbono que já estava na atmosfera, enquanto setores como o de transporte são responsáveis por emissões diretas de carbono provenientes de combustíveis fósseis.

O diretor da Athenagro também ressalta os avanços da pecuária brasileira em termos de eficiência. Nos últimos 35 anos, o Brasil aumentou significativamente sua produção de carne, enquanto reduziu a pegada de carbono por quilo de carne produzido. Isso se deve a melhorias na genética animal, manejo de pastagens e investimentos em práticas sustentáveis.

A questão levantada por Nogueira vai além do impacto ambiental da pecuária. Ele aponta para uma possível motivação política por trás da decisão do Comitê Organizador das Olimpíadas de Paris. Ao demonizar a carne como uma vilã do meio ambiente, o comitê parece aderir a um movimento anticarne mais influenciado por modismos e interesses comerciais do que por uma preocupação genuína com a sustentabilidade.

Essa abordagem levanta questionamentos sobre a lógica por trás da escolha de alvos para redução de emissões. Se o objetivo é realmente combater as mudanças climáticas, por que não focar em setores como transporte, que contribuem significativamente para as emissões globais de CO2? Um estudo publicado na revista Environmental Research Letters revela que as emissões da aviação civil comercial têm aumentado em média 2,6% ao ano nas últimas décadas, mostrando a urgência de uma transição energética nesse setor.

Miguel Daudé, comentarista convidado no programa, reforça a visão de que a decisão do comitê é mais política do que baseada em evidências científicas. Ele destaca a longa tradição da carne na dieta humana e o papel essencial que desempenhou ao longo da história da humanidade. Além disso, Daudé aponta para o desperdício de alimentos como uma fonte muito mais significativa de emissões de carbono do que a produção de carne.

A discussão sobre a sustentabilidade do agronegócio vai além das Olimpíadas de Paris. Ela envolve a necessidade de uma transição energética global e de um uso mais eficiente dos recursos disponíveis. O Brasil, como líder no setor agropecuário, já está à frente nesse aspecto, com investimentos em práticas sustentáveis, recuperação de pastagens degradadas e matriz energética diversificada.

Assim, enquanto o agro brasileiro continua a avançar em direção à sustentabilidade, é fundamental que os debates sobre o impacto ambiental considerem todas as evidências disponíveis e não sucumbam a agendas políticas ou comerciais. Afinal, a verdadeira solução para os desafios ambientais enfrentados pelo planeta está na cooperação e na adoção de medidas fundamentadas em dados científicos.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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