À primeira vista, a carne criada em laboratório pode parecer uma ameaça ao setor pecuário. No entanto, o professor MacMillan, que também participou do estudo, acredita que a ameaça à agropecuária convencional é remota, se é que existe.
Um recente estudo conduzido por pesquisadores da Royal Agricultural University (RAU) revela que a carne sintética desenvolvida em laboratório [popularmente conhecida como carne criada em laboratório] pode não representar um desastre iminente para as fazendas tradicionais. Para elaborar o relatório, os especialistas entrevistaram mais de 80 agricultores britânicos. As informações foram divulgadas pela BBC, recentemente.
Enquanto estados como a Flórida e a Itália impuseram restrições ao desenvolvimento de carne produzida em laboratório, argumentando que a inovação ameaça a agricultura convencional, os fazendeiros britânicos têm uma perspectiva diferente. Porém, segundo o estudo da RAU, esses produtores não consideram os produtos de “carne alternativa” uma ameaça significativa para suas operações.
Em um movimento que está redefinindo o futuro da alimentação, a carne criada em laboratório está ganhando aceitação entre fazendeiros. Muitos produtores rurais estão reconhecendo que essa inovação pode coexistir com a agricultura tradicional, ao invés de ser uma ameaça.
Muitos produtores rurais estão reconhecendo que essa inovação pode coexistir com a agricultura tradicional, ao invés de ser uma ameaça.
“A carne cultivada em laboratório pode oferecer uma solução sustentável para a crescente demanda por alimentos,” afirma John Smith, um criador de gado veterano. Ele vê essa tecnologia como uma forma de reduzir a pressão sobre os recursos naturais e melhorar o bem-estar animal. “Não estamos aqui para competir, mas para complementar,” acrescenta.
Por outro lado, há uma preocupação com a regulamentação e a aceitação pública. Fazendeiros como Mary Johnson acreditam que é essencial educar os consumidores sobre os benefícios da carne de laboratório. “A transparência será crucial para ganhar a confiança do público,” destaca.
O professor Tom MacMillan, que liderou a equipe de pesquisa da RAU sediada em Cirencester, disse: “Claro, havia muita preocupação sobre como isso poderia acontecer, as consequências não intencionais para a agricultura.”
Ele complementou ainda que: “Mas havia muita curiosidade por algo frequentemente visto como inimigo. Os agricultores estavam realmente envolvidos nas possibilidades práticas, fornecendo ingredientes para a tecnologia, talvez até hospedando unidades de produção em suas fazendas.”
A Carne Produzida em Laboratório: A Fim da Pecuária?
À primeira vista, a carne produzida em laboratório pode parecer uma ameaça ao setor pecuário. Se cientistas e a indústria alimentícia forem capazes de fornecer toda a proteína necessária a partir de fábricas, isso poderia reduzir a necessidade de pecuaristas e criadores de gado.
Dom Morris, um agricultor da fazenda mista [produção de gado e agricultura] de sua família em Cotswolds, expressa suas preocupações. “Muitos dos grãos cultivados nesta fazenda são destinados à alimentação de animais,” disse Morris. “Se usássemos parte da nossa terra arável para novas criações de animais em laboratório, isso teria um impacto significativo em fazendas familiares mistas como a nossa.”
No entanto, o professor MacMillan, que também participou do estudo, acredita que a ameaça à agricultura convencional é remota, se é que existe. “As pessoas continuarão a consumir carne, e fazendas como a de Morris continuarão a existir durante minha vida e por muitas décadas depois,” afirmou MacMillan.
“É mais um risco gradual do que uma ameaça imediata.”
“A inovação é inevitável e devemos nos adaptar,” diz Emily Brown, uma jovem agricultora que já está experimentando práticas agrícolas sustentáveis. Para ela, a combinação de carne tradicional e de laboratório pode ser a chave para um futuro alimentar equilibrado.
Em resumo, enquanto a carne cultivada em laboratório ainda enfrenta desafios, a visão colaborativa entre fazendeiros e tecnólogos pode transformar positivamente a indústria alimentícia.
Carne cultivada gera debate no Brasil
No Brasil, a discussão sobre carne cultivada em laboratório ainda está nos estágios iniciais em termos regulatórios e legislativos. Apesar da inovação tecnológica prometer revolucionar a indústria alimentícia ao produzir carne de maneira mais sustentável e ética, o produto ainda não recebeu aprovação do governo brasileiro para ser comercializado, enquanto já obteve aprovações iniciais nos Estados Unidos.
A crescente onda da “carne cultivada em laboratório” tem trazido grandes preocupações, já que esse tipo de “carne”, também chamada de sintética, cultivada, carne de laboratório ou carne de cultura, é produzida pela reprodução in vitro de células de animais — o produto final, portanto, não requer criação e abate de gado. Diante de tal situação, o Deputado Federal Tião Medeiros (PP-PR) protocolou na Câmara um projeto o PL 4616/2023 onde, se aprovado, fica proibida a pesquisa privada, produção, reprodução, importação, exportação, transporte e comercialização de carne animal cultivada em laboratório sob qualquer técnica e seus subprodutos.
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