
A startup criada para dar vida a essa inovação chama-se Hummami. Instalada em Sorocaba (SP), a fábrica já produz 300 quilos mensais da chamada “carne de fungo”, mas a meta é ambiciosa: alcançar uma tonelada por dia até o final do ano
O que começou como um projeto de recomeço familiar se transformou em um empreendimento que une ciência, inovação e sustentabilidade. Há pouco mais de 20 anos, José Viana, então recém-saído do mercado corporativo e apaixonado por paisagismo, decidiu iniciar o cultivo de cogumelos comestíveis em Araçoiaba da Serra (SP). Na época, sua filha Sthefany era apenas uma adolescente. Hoje, ela é quem lidera a transformação do negócio da família, combinando conhecimento acadêmico e visão de mercado.
Formada em Biologia, com mestrado e doutorado focados em fungos, Sthefany impulsionou a antiga produção artesanal rumo à biotecnologia de ponta. O negócio evoluiu, diversificando espécies e aplicando os fungos em soluções que vão muito além da alimentação: hoje eles também servem ao controle biológico de pragas agrícolas.
A tradicional produção de shitake e shimeji deu espaço a espécies com potencial funcional ainda maior. Com o uso de biorreatores e processos de verticalização, a família Viana agora manipula micélio — o tecido vegetativo dos fungos — para desenvolver substitutos vegetais da carne. Através de moldagem e prensagem, criam versões que imitam frango, carne bovina e até frango desfiado, com texturas e sabores surpreendentes.
A startup criada para dar vida a essa inovação chama-se Hummami. Instalada em Sorocaba (SP), a fábrica já produz 300 quilos mensais da chamada “carne de fungo”, mas a meta é ambiciosa: alcançar uma tonelada por dia até o final do ano. A proposta mira o crescente mercado vegano, que tem ganhado tração no Brasil e no mundo. Uma pesquisa da Allied Market Research estima que esse segmento poderá movimentar mais de US$ 36 bilhões até 2030. No cenário nacional, um levantamento do IPEC revelou que quase metade dos brasileiros com mais de 35 anos já deixou de consumir carne em algum momento da semana, e cerca de um terço prioriza refeições veganas quando come fora.
A experiência internacional de Sthefany, especialmente após uma missão técnica promovida pelo Sebrae nos Estados Unidos, abriu ainda mais os horizontes da empreendedora. Foi ali que ela percebeu o imenso potencial dos fungos medicinais e funcionais no mercado global. Desde 2014, a família também exporta extratos terapêuticos de cogumelos.
Mas o impacto dos fungos não se limita ao setor alimentício. Por meio da Bragen, outra empresa fundada pela família, os Viana investem no fornecimento de biocontroladores naturais para a agricultura. Utilizando arroz como substrato, processam diariamente duas toneladas do grão para cultivar cepas específicas de fungos que combatem pragas nas lavouras. Clientes da empresa já apostam exclusivamente nesses produtos biológicos em plantações de cana-de-açúcar, acompanhando a tendência global de reduzir o uso de defensivos químicos em prol de soluções sustentáveis.
Da cozinha ao campo, os fungos cultivados por Sthefany e sua família estão reescrevendo o papel da biotecnologia no agronegócio e na alimentação. Uma história que começou em casa, mas que hoje ganha o mundo.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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