Cavalo Crioulo movimenta mais de R$ 3 bilhões e mostra por que é símbolo do Rio Grande do Sul

Raça sustenta 15 mil empregos diretos, expande presença nacional e se consolida como patrimônio econômico e cultural do Brasil; Cavalo Crioulo movimenta mais de R$ 3 bilhões e mostra por que é símbolo do Rio Grande do Sul

O Cavalo Crioulo vai muito além das pistas e das tradições campeiras: ele é uma força econômica real no Rio Grande do Sul e em expansão por todo o país. Segundo dados preliminares de um estudo da Esalq/USP, divulgados durante a Expointer 2025, a raça injeta cerca de R$ 3 bilhões por ano na economia gaúcha, sendo responsável por 15 mil empregos diretos e movimentando uma ampla cadeia produtiva que conecta o campo à cidade.

Essa magnitude faz do Crioulo um dos principais ativos do PIB agropecuário do estado, comparável a setores como soja e pecuária de corte. Além da paixão cultural, a criação se tornou um negócio estruturado, com forte geração de renda e impacto social.

Um pilar econômico do Sul e do país

De acordo com o levantamento, cada exemplar da raça representa, em média, R$ 8.902 em receita para a sociedade. O estudo, encomendado pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), será apresentado em versão nacional até o fim de 2025 e incluirá desde a produção primária — como criação e manejo — até setores complementares, como selarias, leilões, provas esportivas, vestuário, transporte e mídia especializada.

Em 2024, os dados da ABCCC e do SINDILER já mostravam que o Crioulo movimentou R$ 400 milhões na economia nacional, com R$ 122 milhões apenas em leilões oficiais. Essa movimentação revela a força de um setor que sustenta milhares de famílias e mantém viva uma tradição centenária.

Expansão além do Rio Grande do Sul

Embora profundamente ligado à identidade gaúcha, o Cavalo Crioulo vive um processo de expansão acelerado. Atualmente, a raça está presente em todos os estados brasileiros, com destaque para São Paulo, Centro-Oeste e Nordeste.

Em 2024, o número de eventos oficiais saltou de 35 para 57 cidades, com crescimento médio de 14% ao ano em receita nos últimos quatro anos.

Segundo Gerson de Medeiros, gerente de expansão da ABCCC, o cavalo é utilizado majoritariamente na lida de campo e em provas esportivas, como laço, Team Penning e Freio de Ouro, principal competição da raça.

“A expansão vai passar por maior expressão nas categorias esportivas. O Crioulo respeita a cultura de cada região e tem enorme potencial, especialmente nas provas de laço, onde 80% dos cavalos utilizados são da raça”, destacou Medeiros.

Cavalo Crioulo - Pacita Cala Bassa / Foto: João Morais
Pacita Cala Bassa / Foto: João Morais

Para os próximos anos, a vaquejada surge como nova fronteira de crescimento, especialmente no Nordeste, onde a adaptação do Crioulo a diferentes climas e sistemas de manejo reforça seu potencial.

Raça de origem gaúcha e símbolo nacional

O Cavalo Crioulo nasceu nos pampas a partir de cavalos espanhóis trazidos ao Brasil no século XVI. Durante séculos, evoluiu por seleção natural, desenvolvendo características marcantes como rusticidade, resistência, inteligência e longevidade.

Hoje, é o segundo maior plantel do país, com cerca de 460 mil animais registrados, ficando atrás apenas do Quarto de Milha. Essa herança genética e cultural torna a raça um símbolo do Rio Grande do Sul, mas com vocação nacional e internacional, reunindo criadores, investidores e esportistas de todo o Brasil.

Cavalo Crioulo
Foto: RamonGiron

Um ecossistema completo

A cadeia produtiva do Cavalo Crioulo envolve:

  • Criação e reprodução: criatórios especializados e centros de genética;
  • Insumos e serviços: nutrição, veterinária, pastagens e infraestrutura;
  • Eventos e esportes: provas de morfologia, laço, Freio de Ouro e vaquejada;
  • Leilões e comércio: vendas presenciais e online movimentam milhões;
  • Turismo e cultura: cavalgadas, exposições e feiras agropecuárias.

Para César Hax, presidente da ABCCC, o levantamento da Esalq reforça o valor da raça:

“O cavalo Crioulo é muito mais que cultura — é economia viva. Ele gera empregos, renda e ajuda a manter o homem no campo com dignidade e sustentabilidade.”

Perspectivas para 2026 e além

Com o Freio de Ouro se consolidando como vitrine global da raça e a entrada em novas modalidades esportivas, o setor projeta um crescimento contínuo para os próximos anos.
A expectativa é que o PIB nacional da raça ultrapasse R$ 3,5 bilhões até 2026, impulsionado pela diversificação regional, novos investimentos e valorização do cavalo de trabalho.

Mais do que um patrimônio cultural, o Cavalo Crioulo é um ativo estratégico do agronegócio brasileiro. Com tradição, desempenho e versatilidade, ele une o passado campeiro ao futuro inovador do campo, mostrando por que é — e continuará sendo — símbolo do Rio Grande do Sul e orgulho nacional.

raca de cavalos crioulo - cabeca de cavalo
Foto: Felipe Ulbrich

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