
Raça mineira une tradição, força econômica e projeção internacional; Conversamos com Marcelo Tostes, que é advogado, criador e candidato à presidência da ABCCMM, sobre o reconhecimento e importância cultural do Mangalarga Marchador
O Mangalarga Marchador, cavalo genuinamente brasileiro e de origem mineira, se consolidou como um dos maiores patrimônios do agronegócio nacional e um ícone da cultura equestre do país. Com aproximadamente 700 mil animais registrados, a raça movimenta R$ 9 bilhões por ano e expande cada vez mais sua presença no mercado internacional, com núcleos de criadores já estabelecidos nos Estados Unidos e na Europa.
Em 2019, o Congresso Nacional reconheceu oficialmente o Mangalarga Marchador como patrimônio cultural equestre do Brasil, um marco que reforça sua relevância histórica e simbólica. Mais do que um cavalo, ele se tornou parte da identidade nacional, presente em músicas, festas populares, cavalgadas e no imaginário rural de gerações.
A visão de Marcelo Tostes sobre o futuro da raça
Para falar sobre os próximos passos da raça, o criador e candidato à presidência da ABCCMM pela chapa Marchador para Todos, Marcelo Tostes, destacou que o Mangalarga Marchador já ocupa lugar de destaque no Brasil, mas ainda tem espaço para avançar tanto em território nacional quanto no exterior.
💬 O que a ABCCMM precisa fazer para continuar elevando o nível da raça no Brasil e consolidar ainda mais o protagonismo do Mangalarga Marchador no mercado internacional?
Segundo Tostes, o Marchador é um dos pilares da equinocultura nacional. “Talvez sejam, junto com o Quarto de Milha, as duas raças que mais se destacam no país, seja pelo volume de animais ou pela ocupação no território nacional. O Mangalarga Marchador deve estar presente em praticamente todas as cidades do Brasil”, disse.
Ele ressaltou que o desafio agora é buscar novos horizontes: “O que a associação tem feito até hoje é crescer o Mangalarga onde ele já é muito forte. Nossa ideia é ter uma gerência de expansão para levar o Marchador a regiões onde temos um volume menor de cavalos, como o Centro-Oeste e a região Norte. Depois disso, teremos também a expansão internacional, que é fundamental para que o nosso cavalo seja reconhecido mundialmente. Um exemplo é a Associação Portuguesa dos Criadores do Mangalarga Marchador, que está em processo de constituição e abrirá as portas da Europa para a nossa raça.”

💬 Qual deve ser o papel do pequeno e do médio criador no crescimento e fortalecimento da raça?
Na avaliação de Tostes, o fortalecimento da raça depende diretamente dos pequenos e médios criadores. “A raça não consegue crescer se a gente não fortalecer o pequeno e médio criador. Eles são a base da associação. É com eles que conseguimos atingir todos os cantos do país e manter o volume de animais que temos hoje. Sem esse grupo, nunca vamos conseguir fazer com que a raça continue a crescer de forma forte e relevante”, destacou.
Ele ainda reforçou a importância de dar visibilidade e apoio a esses criadores que mantêm a raça viva no dia a dia. “Estamos falando daquela pessoa que tem dois ou três animais e utiliza o Marchador na lida. O crescimento da raça depende muito deles. Por isso, a gerência de expansão também atuará em regiões mais distantes, apoiando justamente esse perfil de criador. Eles são a base de tudo.”

Mercado em expansão
Com temperamento dócil e marcha macia e confortável, o Mangalarga Marchador segue conquistando tanto pequenos criadores quanto grandes investidores. Ele é protagonista em cavalgadas, esportes equestres, leilões e exposições, movimentando cifras milionárias.
Esse dinamismo se reflete em toda a cadeia produtiva: turismo rural, hotelaria, transportes, comércio de insumos e a indústria veterinária. A Exposição Nacional de Belo Horizonte, considerada o maior evento do mundo dedicado a uma única raça, é exemplo desse impacto, atraindo milhares de visitantes e movimentando a economia local.
Internacionalização e futuro
Com a expansão para mercados externos em curso, o Mangalarga Marchador se consolida como ativo estratégico do agronegócio brasileiro. O desafio para os próximos anos será manter o equilíbrio entre tradição e modernidade, unindo a preservação da identidade cultural à investimentos em genética, tecnologia, profissionalização dos criadores e internacionalização da ABCCMM.
Na visão de Tostes, esse é um momento de amadurecimento: “O futuro do Marchador depende da nossa capacidade de desenvolver a raça com responsabilidade e visão de longo prazo. Temos uma paixão nacional que agora se projeta como uma força global.”
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