De criadores a empresários, e celebridades, o fascínio pelos cavalos de pelagem reflete a evolução da equinocultura e o amadurecimento de um mercado que une paixão, genética e investimento.
A equinocultura vive um momento de valorização como há muito não se via. Animais com pelagens de destaque — baios, pampas, rosilhos e amarilhos — vêm ganhando espaço nas pistas, nos leilões e também nas carteiras de investimento. O que antes era apenas um detalhe estético, hoje se tornou símbolo de identidade, estilo e solidez patrimonial para quem busca genética de alta performance com apelo visual.
A tendência, que há poucos anos era pontual, consolidou-se como um movimento consistente e profissionalizado, refletindo o novo perfil do investidor do agronegócio: sofisticado, estratégico e atento às oportunidades do agro.
Dos palcos ao campo: o encanto das pelagens atrai novos investidores
Nem mesmo os palcos escaparam ao fascínio dos cavalos de pelagem. Durante o Leilão Tarlim, um dos mais prestigiados do calendário equestre, o cantor Chitãozinho, da dupla com Xororó, surpreendeu ao entrar para o seleto grupo de investidores que apostam nos “coloridos”.

Ele arrematou o garanhão Luar HIC, um dos principais exemplares de pelagem amarilha do Mangalarga, o cavalo de sela brasileiro.
A presença do artista reforça o que muitos criadores já observam: os cavalos de pelagem se tornaram ativos de prestígio, desejados não apenas pela beleza, mas pela consistência genética e o potencial de valorização.    
Outro nome da música que segue o mesmo caminho é Zé Neto, da dupla com Cristiano, que investiu recentemente na égua Whiz So Much, de pelagem castanha e sua bicoloridade exótica, filha da consagrada So Much Fan, considerada uma das melhores éguas de rédeas do país. O investimento confirma o quanto as pelagens têm atraído perfis variados de apaixonados e investidores.
Em pista, Mangalargas e Quarto de Milha dividiram os holofotes, mostrando que as raças não competem por lances, mas compartilham o interesse de um público que valoriza beleza, funcionalidade e retorno.    
Investidores que movimentam o mercado
Entre os nomes que simbolizam esse movimento está Erik Cavalheri, empresário que ingressou na criação de Mangalarga e rapidamente se destacou por aquisições estratégicas. Em 2022, Erick adquiriu uma matriz que deu origem à Íris da Tarlim, égua de pelagem pampa que conquistou o título de Grande Campeã Nacional — e que, mais tarde, foi adquirida pelo empresário e investidor José Carlos Semenzato, destaque entre os Shark Tank Brasil e também sócio do cantor Gusttavo Lima em uma das principais éguas da raça, Evidência da Tarlim.
A transação reforçou o status do cavalo de pelagem como ativo de alto valor e prestígio empresarial.
Falando em Gusttavo Lima, o cantor também tem se destacado como investidor multirraças. Além do Mangalarga, possui animais de Quarto de Milha e Friesian, e recentemente colocou à venda 50% do garanhão Oregon, que teve como um dos compradores o cantor Latino.

A negociação reforçou o potencial do cavalo como ativo de investimento com visibilidade internacional.
Já Ricardo Braga, representa o perfil do investidor apaixonado que aposta com visão e sensibilidade.
Em julho, ele adquiriu cotas da égua de pelagem pampa, Fani ABV, e em setembro viu o investimento se transformar em conquista: Fani sagrou-se Grande Campeã Brasileira da Pelagem Pampa na Raça Mangalarga, desfilando a elegância de sua pelagem de forma irretocável.

“É o prazer de apostar em um animal e, em tão pouco tempo, ver o resultado acontecer. Fani é a prova de que quando há critério e confiança na genética, o retorno vem rápido”, destaca.
Genética, funcionalidade e estilo
Entre os criatórios que traduzem esse novo momento está a Sala Agropecuária, referência em genética e performance. A marca vem construindo um plantel sólido, formado por animais de alta funcionalidade e apelo visual, refletindo o equilíbrio entre técnica, beleza e resultado.

Um dos grandes investimentos da casa foi a extraordinária matriz Chic Gotta Gun, filha do lendário Spooks Gotta Gun e da consagrada Chic With Guns (Smart Chic Olena).
De pelagem castanha e bicolor, Chic Gotta Gun carrega uma das genéticas mais respeitadas do mundo das Rédeas. Seu pai soma mais de US$ 81.638 em ganhos, sendo Campeão Mundial em Rédeas e produtor de mais de US$ 4 milhões na modalidade. Já sua mãe foi finalista dos NRHA L1 e L2 Open Futurities, além de ter sido a égua mais valorizada do NRHA Marketplace Futurity Sale de 2017 — produtora de campeões e referência na criação americana.
Na sequência, o criatório ampliou seu investimento em pelagens de destaque com a chegada da rosilha GoneWithTheTimes — filha de One Time Pepto (com mais de US$ 23 milhões em produção) e Ruby Bagonia, campeã com ganhos de US$ 114 mil e produtora de descendentes que somam mais de US$ 900 mil.
Pontuada na ABQM, GoneWithTheTimes é produtora de campeões no Laço Pé, Laço Cabeça e Laço em Dupla, reforçando a visão da Sala Agropecuária de unir beleza, funcionalidade e retorno genético em cada escolha.
Sua pelagem rosilha representa o conceito que tem se consolidado no campo: animais funcionais, que além da beleza, agregam genética valorizada.    
Entre os grandes destaques do criatório está também o garanhão Dark Tag, homozigoto para a pelagem preta — característica genética que garante uma produção controlada e previsível. Durante sua primeira rodada de negócios em um leilão, comercializou mais de 300 coberturas.
Na prática, isso significa que o reprodutor transmite sua cor de forma consistente, permitindo planejar as pelagens dos futuros potros com alto grau de segurança.
Possibilidades de pelagem nas coberturas de Dark Tag:
- Éguas Pretas: Produção 100% de filhos pretos.
 - Éguas Castanhas e Zainas: 
- Heterozigotas Agouti (A/a): 50% pretos | 50% castanhos/zainos
 - Homozigotas Agouti (A/A): 100% castanhos/zainos
 
 - Éguas Alazãs: 
- Negativas Agouti (a/a): 100% pretos
 - Heterozigotas Agouti (A/a): 50% castanhos/zainos | 50% pretos
 - Homozigotas Agouti (A/A): 100% castanhos/zainos
 
 - Éguas Baias: 
- Heterozigotas Agouti (A/a): 25% castanhos/zainos, 25% baios, 25% pretos, 25% smoky black
 - Homozigotas Agouti (A/A): 50% castanhos/zainos, 50% baios
 
 
Com essa genética sólida e rara, Dark Tag vem se tornando um dos garanhões mais procurados da atualidade, especialmente por criadores que buscam unir performance, morfologia e pelagens marcantes com previsibilidade genética.    
Assim, a Sala Agropecuária consolida-se como um dos nomes que estão redesenhando o perfil da equinocultura moderna — onde a pelagem é símbolo de estilo, mas o verdadeiro valor está na performance, na ciência e no resultado em pista.
Ao consolidar-se como ativo estratégico no portfólio de empresários, criadores e investidores, o cavalo de pelagem não é mais mera atração estética: ele se transforma em ferramenta de rentabilidade, identidade e patrimônio.
O evento anual realizado pelo Haras Tarlim, sob a liderança de Fernando Tardioli — o Tarlim Investimento Day — vem justamente traduzir essa visão. Nessas reuniões são apresentadas a prestação de contas, o retorno de investimento, o pipeline genético e os indicadores para quem vê os equídeos não só como animais, mas como ativos de alto valor agregado.
Com isso, a equinocultura profissionaliza-se: criadores deixam de pensar apenas em exposição e troféus, e passam a projetar, mapear o mercado e transformar tudo isso em legado genético. Aquele cavalo que exibe baio, pampa, rosilho ou amarilho – agora –, carrega na pelagem também os fundamentos técnicos de marchas, morfologia e genética.
A união entre tecnologia (como análise genômica ou acasalamentos dirigidos) e apelo visual amplia o perfil de compradores, de apaixonados a investidores que buscam ativos tangíveis dentro do agronegócio.
A chamada “pelagem” deixa de ser apenas estética e torna-se um parâmetro de diferenciação competitiva, divulgação de marca e patrimônio de longo prazo.
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