Cavalos selvagens voltam ao Cazaquistão após quase dois séculos

Considerados os últimos cavalos verdadeiramente selvagens do planeta, os Przewalski estão sendo reintroduzidos nas estepes da Ásia Central em um projeto de conservação emblemático.

Após quase 200 anos de ausência, os cavalos selvagens da espécie Przewalski voltam a correr livres pelas vastas estepes do Cazaquistão. A reintrodução desses animais icônicos marca um momento histórico para a conservação da biodiversidade mundial, e acontece em um cenário ainda mais simbólico: em 2025, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o 11 de julho como o Dia Mundial do Cavalo, celebrando a relação milenar entre humanos e equinos.

A espécie Equus ferus przewalskii, nativa da Ásia Central, quase foi extinta na natureza ao longo do século XX. Desde junho de 2025, os primeiros grupos de cavalos estão sendo reintroduzidos no Cazaquistão, como parte de um projeto conjunto entre os zoológicos de Praga e Berlim e a Associação para a Conservação da Biodiversidade do Cazaquistão. Outros 40 animais devem ser soltos nos próximos cinco anos.

Esses cavalos têm papel fundamental na restauração do ecossistema natural das estepes, região com vegetação característica que depende do pastoreio de grandes herbívoros para manter seu equilíbrio. A presença dos Przewalski ajuda a controlar a vegetação e favorece o retorno de outras espécies nativas da fauna e flora.

Diferente de cavalos assilvestrados — como os mustangs americanos ou os cavalos das ilhas Sable (Canadá) e Assateague (EUA) —, os Przewalski nunca foram domesticados. São os únicos cavalos verdadeiramente selvagens existentes.

Foto: Divulgação

Entre suas características marcantes estão a estrutura corporal mais robusta, pernas curtas, uma crina ereta e espessa e uma grande resistência ao frio extremo, o que os torna adaptados ao rigoroso inverno cazaque.

O projeto de reintrodução também serve como modelo global de conservação, pois representa o sucesso de décadas de esforços científicos e de preservação genética conduzidos em cativeiro.

Mais do que restaurar uma espécie, este movimento coincide com uma homenagem oficial: a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, em 3 de junho de 2025, a resolução 79/291, instituindo o 11 de julho como o Dia Mundial do Cavalo.

Foto: Sylvère Petit

A data visa reconhecer a importância dos cavalos para a história, cultura, agricultura e economia de centenas de povos ao redor do mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), existem atualmente 60,8 milhões de cavalos no planeta, apoiando os meios de subsistência de mais de 600 milhões de pessoas.

Mais do que uma celebração, o #DiaMundialdoCavalo é um alerta para a preservação de uma parceria milenar entre homens e cavalos — animais que ainda hoje ajudam a nos alimentar, movimentar nossas economias e elevar nossos espíritos.

Em sua mensagem oficial, a ONU enfatizou que poucos animais contribuíram de forma tão profunda e silenciosa para o progresso humano quanto o cavalo. A reintrodução do Przewalski nas estepes cazaques é um símbolo de resiliência, equilíbrio ecológico e responsabilidade humana diante do desafio da conservação.

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