Cercas virtuais: o que são, como funcionam e valem a pena?

Tecnologia que já é usada em países como Austrália e Estados Unidos começa a ser estudada no Brasil e promete transformar o manejo do gado no campo.

As cercas virtuais estão surgindo como uma das inovações mais comentadas no setor pecuário. Diferente das tradicionais, que utilizam arame, mourões e eletrificação, esse sistema se baseia em coleiras inteligentes com GPS que permitem ao produtor controlar o rebanho sem barreiras físicas. A ideia, já testada em outros países, começa a ser estudada no Brasil e pode transformar o dia a dia do campo.

Na prática, cada animal recebe uma coleira equipada com GPS e sensores. O produtor, por meio de um aplicativo, desenha no mapa os limites do pasto onde deseja manter o rebanho. Quando o animal se aproxima dessa fronteira, a coleira emite um sinal sonoro para alertá-lo. Se ele insiste em avançar, a intensidade do som aumenta e, em último caso, é aplicado um leve choque elétrico ou vibração.

Com o tempo, os animais aprendem a respeitar apenas o alerta sonoro, reduzindo a necessidade de estímulos adicionais. A grande vantagem é que o pecuarista pode redesenhar esses limites com alguns cliques no celular, sem precisar instalar ou mudar cercas físicas.

Onde já está em uso:

  • Estados Unidos: Projetos-piloto já utilizam a tecnologia em rebanhos espalhados por grandes áreas, inclusive em regiões montanhosas e de difícil acesso. O método mostrou-se útil para direcionar o gado e recuperar pastagens naturais.
  • Austrália e Nova Zelândia: São países pioneiros no tema, com dezenas de milhares de bovinos sob cercas virtuais. Nessas regiões, produtores relatam ganhos de eficiência no manejo e melhor aproveitamento do pasto.
  • Europa: Em alguns locais, as cercas virtuais enfrentam questionamentos ligados ao bem-estar animal. Há países que restringiram seu uso, alegando preocupações com os estímulos elétricos, embora defensores afirmem que o gado responde quase sempre apenas ao som.
Foto: Halter

No Brasil, a tecnologia ainda está em fase de estudo e protótipo. Pesquisadores testam coleiras equipadas com GPS e conectividade de longo alcance para monitorar o rebanho em tempo real. A ideia é que o produtor seja alertado quando um animal tentar sair do limite estabelecido.

Entre as vantagens apontadas estão a possibilidade de reduzir fugas e roubos, melhorar o manejo rotacionado de pastagens e até aumentar o bem-estar animal, já que a pressão sobre o gado seria menor do que em sistemas convencionais de arame. Os dispositivos também têm sido projetados com baterias recarregáveis e painéis solares, garantindo autonomia em áreas afastadas.

Apesar do potencial, os custos ainda são elevados e a dependência de conectividade no campo pode limitar a adoção em algumas regiões.

Foto: AgNext

Vantagens

  • Redução de mão de obra: elimina a necessidade de instalar e manter quilômetros de cercas.
  • Controle em tempo real: o gado pode ser monitorado a qualquer hora pelo celular.
  • Uso mais eficiente da terra: permite o manejo rotacionado de forma prática.
  • Sustentabilidade: o controle de pastejo ajuda na recuperação do solo e na preservação ambiental.

Desafios

  • Alto custo inicial: exige investimento em coleiras, antenas e software.
  • Adaptação dos animais: o treinamento pode ser mais demorado em rebanhos maiores ou mais temperamentais.
  • Questões éticas: alguns críticos ainda levantam dúvidas sobre o impacto do estímulo elétrico.
  • Conectividade: depende de sinal estável de GPS e transmissão de dados, algo que nem sempre existe no meio rural.

As cercas virtuais têm potencial para revolucionar o manejo do gado, especialmente em grandes propriedades. Elas prometem mais praticidade, segurança e sustentabilidade, mas ainda enfrentam barreiras de custo e infraestrutura no Brasil. A decisão de investir dependerá do tamanho da fazenda, da realidade local e da capacidade do produtor de adotar novas tecnologias.

No futuro, quando a tecnologia se tornar mais acessível, é provável que as cercas virtuais se tornem parte do cotidiano da pecuária brasileira, assim como já acontece em países pioneiros.

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